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Câncer de próstata localmente avançado tem altas chances de cura

Isso depende da expertise de equipe médica multidisciplinar e de avançadas tecnologias terapêuticas.

Cerca de 20% dos pacientes diagnosticados com câncer de próstata apresentam o tipo localmente avançado, caracterizado por tumores que cresceram ao ponto de afetar estruturas vizinhas a essa glândula situada abaixo da bexiga e em frente ao reto, mas sem atingir os gânglios (linfonodos) ou apresentar metástase, ou seja, sem se espalhar por outras partes do corpo. Tumores localmente avançados podem atingir, por exemplo, a gordura em volta da próstata, a vesícula seminal e a bexiga.

Apesar de serem de alto risco, eles são altamente curáveis quando tratados adequadamente, com chances superiores a 80% de eliminação do tumor, exigindo apenas acompanhamento médico posterior. Para chegar a esse bom desfecho, a medicina dispõe de três grandes frentes terapêuticas, e geralmente a abordagem multidisciplinar se faz necessária:

  • Cirurgia para a retirada total da próstata (prostatecmonia radical), com o envio do material extraído para análise em laboratório (exame anatomopatológica) para confirmação do estágio de evolução da doença. Além da cirurgia tradicional, existem técnicas mais modernas, como a laparoscopia e a robótica, por meio das quais os cirurgiões fazem pequenas incisões e inserem instrumentos especiais para remover a próstata. Por serem menos invasivas, elas aceleram tempo de recuperação após as intervenções e diminuem riscos de sangramentos e infecções.
  • Radioterapia, com administração doses de radiação direcionadas à próstata, com técnicas muito evoluídas na última década.
  • Hormonioterapia, baseada na administração de medicamentos que bloqueiam a ação da testosterona, um hormônio que estimula o crescimento do tumor de próstata.

A melhor opção depende sempre de cada caso, o que torna extremamente importante o paciente contar com uma equipe multidisciplinar formada por urologista, oncologistas clínico, radio-oncologista e radiologista. Juntos, eles podem definir a melhor estratégia terapêutica, levando sempre em consideração formas de minimizar os riscos de complicações, como incontinência urinária e impotência sexual, os efeitos colaterais de médio e longo prazo mais temidos pelos pacientes, apesar de não serem frequentes. Incontinências afetam menos de 5% dos pacientes. A impotência definitiva é pouco mais frequente e acomete, em geral, homens mais idosos. Tanto a incontinência urinária quanto a impotência têm tratamento resolutivo.

Atualmente, está se tornando cada vez mais frequente a indicação de tratamentos multimodais, envolvendo duas ou mais opções terapêuticas. Outro procedimento que está mais habitual nos grandes centros oncológicos é realizar nos casos localmente avançados o exame de PET-CT PSMA, que demonstra com maior precisão onde estão as lesões tumorais, oferecendo maior assertividade na escolha do tratamento, seja cirúrgico ou radioterápico. Esse método de investigação também permite saber com mais clareza se a doença de fato se encontra localizada ou se já se espalhou.

Avanços radioterápicos
A radioterapia é uma alternativa para pacientes que não podem ser submetidos a uma cirurgia, mas também pode ser aplicada após extração cirúrgica da próstata. Além disso, é crescente o número de pacientes que vêm se beneficiando com os avanços tecnológicos dos aparelhos de radioterapia. Com softwares e acessórios acoplados, os equipamentos de radioterapia estão mais precisos e rápidos. Assim, tornaram a radioterapia um tratamento mais seguro e eficaz, permitindo também combinar o aumento das doses de radiação com o direcionamento exclusivo sobre a próstata, minimizando as chances de atingir órgãos que estão à volta.

Esses avanços também vêm contribuindo para uma redução gradativa da ocorrência e intensidade das principais complicações associadas à aplicação de radiação: as inflamações que podem acometer a bexiga e o reto. Atualmente, apenas 5% dos pacientes apresentam em longo prazo complicações derivadas da radioterapia.

Além disso, são muito importantes os cuidados que os pacientes devem tomar durante o tratamento radioterápico, como submeter-se às aplicações de radiação sempre de bexiga cheia. Dessa forma, ela sai da área onde incide a radiação. Outra medida é evitar que o reto esteja estufado por gases, o que faz com que ele entre na área de tratamento. Assim, é necessário evitar alimentos que geram gases e usar medicamentos que ajudam eliminá-los antes das sessões.

Já a hormonioterapia, aplicada geralmente para melhorar os resultados da radioterapia, é administrada por meio de injeções subcutâneas na barriga. A duração desse tratamento para câncer de próstata localmente avançado pode durar de 18 a 36 meses, a depender do protocolo adotado pelo médico. Estudos têm demonstrado que as taxas de cura são maiores quando a radioterapia vem combinada com a hormonioterapia.

Os efeitos colaterais da hormonioterapia são as ondas de calor e alterações no metabolismo, impactando as taxas de colesterol e triglicérides. Em geral, todos são contornáveis e controlados pelo urologista ou pelo oncologista clínico, responsáveis pelo manejo do bloqueio hormonal. Impactos na impotência sexual verificados durante o tratamento são derivados da ação dessas medicações no bloqueio da produção de testosterona pelos testículos.

Diante da variedade de opções para o tratamento dos tumores de próstata localmente avançado, a primeira escolha a ser feita pelo paciente é buscar um centro oncológico de primeira linha, como o da BP, que oferece todas essas alternativas e conta com uma equipe de especialistas que, atuando de maneira integrada, estão preparados para definir e executar a melhor estratégia de cuidado para cada paciente. Esse é definitivamente o caminho para a cura.

Fonte: Álvaro Sadek Sarkis – CRM 48.465 SP; Róbson Ferrigno – CRM 58.149 SP; Fábio Augusto Barros Schutz – CRM 114.313 SP

Data da última atualização: 13/7/20211