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Como prevenir o câncer de colo de útero?

Um dos importantes trunfos para isso é a vacina contra a infecção pelo HPV, vírus associado à maior parte dos casos desse tipo de tumor. No Brasil, ela está disponível gratuitamente para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.

O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum nas mulheres brasileiras, superado apenas pelos tumores de mama e pele. Apesar de ter métodos eficazes de prevenção, a doença ainda causa a morte de mais de 6,6 mil mulheres por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Na quase totalidade dos casos, o câncer de colo de útero é causado pela infecção por alguns tipos do vírus HPV (papilomavírus humano), que geralmente ocorre por meio do contato sexual. Assim, a prevenção desses tumores está focada principalmente em evitar o contágio pelo HPV e, quando ele acontece, no tratamento das lesões causadas pelo vírus antes que elas se tornem malignas.

A infecção pelo HPV pode ser evitada pela prática do sexo seguro, com o uso de preservativos masculino ou feminino durante a relação. Ter iniciado a vida sexual precocemente e/ou ter relações com múltiplos parceiros ao longo da vida também são fatores de risco. Outro facilitador do câncer de colo de útero comprovado por estudos é o tabagismo.

Vacina
Um grande avanço na prevenção foi o desenvolvimento de uma vacina que previne contra os tipos do vírus HPV mais associados com malignidade (tipos 16 e 18). Além da vacina bivalente, há uma versão quadrivalente (abrange os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18). O imunizante tem alto índice de eficiência na proteção de meninas e meninos que ainda não iniciaram a vida sexual. Mas, há indicação também para aplicação em mulheres acima dessa faixa etária com vida sexual ativa.

No Brasil, a vacina é oferecida gratuitamente nos postos de saúde para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. São duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. O imunizante também está disponível de maneira gratuita para meninas e mulheres de 9 a 45 anos e meninos e homens de 9 a 26 anos que tenham HIV/Aids ou estejam em tratamento contra o câncer ou tenham recebido transplante de órgão ou de medula óssea. Nesses casos é preciso apresentar receita médica, e o esquema vacinal é de três doses (com intervalo de dois meses e seis meses após a primeira dose).

Disponibilizada pelo SUS desde 2014, essa importante forma de prevenção teve boa adesão inicialmente, mas hoje alcança apenas 60% do público-alvo. A conscientização dos pais é fundamental para reverter essa queda, que vem sendo atribuída à pandemia e ao crescimento do perigoso movimento antivacina.

Na prevenção do câncer de colo de útero, também é importante o acompanhamento rotineiro com ginecologista e a realização do Papanicolau (colpocitologia oncótica). Esse exame permite identificar lesões pré-cancerígenas, que serão tratadas antes de se tornarem malignas; ou detectar precocemente um tumor, aumentando as chances de cura. O Ministério da Saúde recomenda que as mulheres sexualmente ativas realizem o Papanicolau a partir dos 25 anos. Iniciando com regularidade anual, a avaliação passa a ocorrer a cada três anos se forem registrados dois exames seguidos com resultados normais. O acompanhamento deve se estender até os 64 anos, se os dois últimos exames estiverem normais.

HPV: sinais e outros tipos de câncer
Na maior parte dos casos, o HPV manifesta-se pelo surgimento de lesões ou verrugas genitais, embora possam aparecer também no canal anal, boca e garganta. Essas lesões, quando geradas pelas variantes de alto risco oncogênico (entre os mais de 200 tipos existentes), podem tornar-se malignas ao longo do tempo.

O câncer mais comum associado ao HPV é o de colo de útero, mas em raros casos ocorrem tumores de vulva e vagina (mulheres), pênis (homens) e ânus, boca e garganta (ambos os sexos).

A incidência do tumor de colo de útero é maior em populações com pouca informação e acesso à saúde, e os casos ocorrem em grande parte após os 30 anos.

Não há tratamento específico para a infecção por HPV e, sim, para as lesões causadas pelo vírus, como a eliminação das verrugas genitais com uso de laser ou eletrocauterização. Quando há lesão no colo uterino, pode haver necessidade de realização de cirurgia, como a conização (para remoção das lesões).

Segundo estimativa do INCA, o Brasil registra 16.710 novos casos de câncer de útero a cada ano. E o único caminho para modificar esses números é a prevenção com as armas que temos à mão: sexo seguro, vacina para evitar a infecção pelo HPV e acompanhamento regular com o ginecologista.

O Hospital BP ampliou o Centro de Oncologia e Hematologia. O novo modelo cancer center permite tratamento integral que vai desde o rastreio até a reabilitação pós-tratamento de pacientes oncológicos.

Fontes: José Carlos Sadalla – CRM/SP 97.419 e Marianne Pinotti – CRM/SP 80.339

Data da última atualização: 29/04/2022