Aneurisma Cerebral

Entendendo a doença

O aneurisma cerebral é caracterizado pela dilatação anormal das artérias que irrigam o cérebro. Devido ao enfraquecimento das paredes desses vasos, a pressão sanguínea vai deformando as partes mais fragilizadas e menos resistentes. Pode formar uma espécie de bexiga (aneurisma sacular), o que ocorre na maioria dos casos, ou provocar um aumento localizado da circunferência da artéria (aneurisma fusiforme).

Crescendo lenta e progressivamente, os aneurismas podem se romper e gerar hemorragia ou comprimir nervos ou outras partes nobres do cérebro, ocasionando uma série de sintomas. Apesar de a maioria dos casos se manifestar na forma de um único aneurisma, até 20% são aneurismas múltiplos.

Associado a aspectos genéticos e outros fatores de risco, como o tabagismo e hipertensão arterial (leia mais em Fatores de risco), o aneurisma cerebral ocorre mais em mulheres, numa relação de 2 para 1 na comparação com os homens. Estima-se que a doença atinja de 0,9 a 2% da população brasileira, particularmente pessoas na faixa dos 40 a 60 anos. Os episódios de ruptura e sangramento são mais comuns a partir dos 50 anos.

Trata-se de um problema de saúde grave: 50% das pessoas com aneurisma rompido (roto) morrem e 25% dos sobreviventes ficam com graves sequelas. Apenas 10% ficam livres de danos neurológicos. Uma vez diagnosticado, o aneurisma demanda urgente tratamento especializado.


Tipos

Os aneurismas são divididos em dois tipos:

  • Aneurisma sacular: é o tipo mais comum. Semelhante a uma bexiga de aniversário, é composto por uma parte mais estreita chamada colo (o “pescoço” da bexiga) e a cúpula (a parte inflada). Em 98% das vezes, as rupturas ocorrem na cúpula. Esse tipo é subdividido em função do tamanho: pequeno, grande e gigante. Quanto maior o aneurisma, maior o risco de rompimento.
  • Aneurisma fusiforme: menos frequente, é caracterizado por uma dilatação anormal de um trecho da circunferência da artéria. O diferencial é a ausência de colo.

Sintomas

Quando pequeno, o aneurisma cerebral pode passar despercebido, por ser assintomático. Quando cresce, pressiona nervos e outras estruturas cerebrais, provocando sintomas que variam em função do tamanho e da área que comprime. O principal é a dor de cabeça (cefaleia) intensa e muita vezes súbita, frequentemente descrita como a pior que a pessoa já sentiu na vida. Muitas vezes, essas dores abruptas são sinal do chamado aneurisma roto, ou seja, o aneurisma que se rompeu, provocando hemorragia (representa mais de 70% dos casos). Em outros pacientes, podem ocorrer dores de cabeça atípicas, que se repetem (cefaleias em sentinela), sinalizando pequenas hemorragias, mesmo que ainda não tenha ocorrido o rompimento total do aneurisma. Elas são observadas em cerca de 30% dos pacientes e, em geral, o aneurisma se rompe depois de 3 a 4 semanas.

Existem ainda outros sintomas neurológicos associados ao aneurisma:

  • Perda ou alteração do nível de consciência.
  • Rigidez no pescoço, que pode estar associada a inflamações na meninge cerebral provocadas pela hemorragia.
  • Queda da pálpebra, comumente derivada da compressão do terceiro nervo.
  • Náuseas e vômitos.
  • Visão dupla ou borrada.
  • Acidente vascular cerebral isquêmico por repetição, que pode indicar a presença de um aneurisma de grandes proporções emitindo trombos (coágulos) na circulação e que acabam entupindo outros vasos.

Ao observar qualquer desses sinais, é importante procurar imediatamente um serviço médico especializado. Pacientes que passam por um primeiro episódio agudo da doença envolvendo sangramentos precisam ser tratados o mais rapidamente possível. A taxa de ressangramento nas primeiras 24 horas gira em torno de 4%. Esse índice aumenta 2% ao dia, em progressão geométrica, chegando em 30 dias a um risco de até 60%. O risco de morte, que é de 50% no primeiro sangramento, sobe para 80% no ressangramento.


Diagnóstico

Para fazer o diagnóstico de aneurisma cerebral, o médico solicitará a realização de exames de imagem, como a angiorressonância ou angiotomografia, que permitem a visualização dos vasos cerebrais. Técnicas mais recentes associadas à ressonância magnética permitem saber quais aneurismas apresentam maior risco de ruptura (leia mais em Novidades).


Tratamento

O tratamento é definido em função do tamanho, localização, tipo e forma do aneurisma e quadro clínico do paciente. As técnicas adotadas são microcirurgia ou intervenção endovascular (embolização).

  • Clipagem microcirúrgica: a partir de um pequeno corte no crânio (craniotomia), que hoje não precisa mais da raspagem total de cabelo, o neurocirurgião, utilizando um microscópico cirúrgico de alta precisão, fecha o aneurisma afixando pequenos clipes cirúrgicos de titânio, geralmente na parte mais estreita (o colo), eliminando-o definitivamente. Essa é a chamada técnica de oclusão. Atualmente, já são realizadas microcirurgias com o paciente acordado. Para isso, faz-se uso da monitorização intraoperatória, que permite monitorar a função cerebral em tempo real, diminuindo o risco de complicações. A clipagem pode ser adotada antes ou depois da ruptura. O ideal é tratar os aneurismas antes de eles se romperem, pois quando isso ocorre, os pacientes ficam sujeitos aos efeitos adversos das hemorragias, que são os verdadeiros causadores de mortes e sequelas. No caso de um aneurisma não roto (não rompido), após a cirurgia o paciente está curado, sem necessidade de fazer uso de medicações.
  • Embolização endovascular: esse procedimento é feito por meio de um cateter introduzido a partir de uma pequena incisão na virilha e conduzido até os vasos cerebrais onde estão os aneurismas com o auxílio de equipamentos de imagem, que guiam o caminho pelas artérias (técnica de Seldinger). De acordo com as características de cada caso, o neurointervencionista implantará, de forma isolada ou combinada, dispositivos para evitar a ruptura do aneurisma ou prevenir ressangramentos. Os materiais mais usados são molas (espirais destacáveis, que são colocadas no interior do “saco” do aneurisma), stents (próteses maleáveis que recobrem a artéria onde está o aneurisma, sendo que alguns também alteram o fluxo sanguíneo dos vasos), e balões usados para remodelar os vasos. Em casos específicos, quando as intervenções terapêuticas (microcirúrgicas ou endovasculares) apresentam mais riscos do que benefícios ou quando os aneurismas ainda são muito pequenos e não apresentam risco de ruptura, o médico pode recomendar apenas o acompanhamento do paciente e administrar medicamentos específicos para controle da pressão arterial e de sintomas como dores e convulsões.


Fatores de risco

Os principais fatores de risco são:

  • Predisposição genética para a formação de paredes arteriais cerebrais mais frágeis e susceptíveis a deformações.
  • Pessoas com parentes de até 2º grau com a doença têm risco 4 vezes maior de ter aneurisma roto (com rompimento).
  • Tabagismo (o hábito de fumar favorece a formação de aneurismas e, na existência deles, aumenta em 10 vezes o risco de ruptura).
  • Descontrole da pressão arterial (também influi na formação e no rompimento do aneurisma). É comum que a ruptura esteja associada ao aumento abrupto da pressão arterial, vinculado, por exemplo, a momentos de estresse emocional, atividade física de alto impacto ou atividade sexual.
  • Idade (o risco aumenta com o envelhecimento).
  • Mulheres (principalmente após a menopausa).
  • Traumas, como batidas e choques.
  • Consumo de álcool e drogas.
  • Alterações do nível de colágeno provocadas por outras doenças, como coarctação de aorta e rins policísticos.


Prevenção

Hábitos saudáveis ajudam a prevenir os fatores de risco controláveis. Confira algumas recomendações dos especialistas:

  • Atividade física regular e dieta balanceada são importantes para manter a pressão arterial em níveis adequados, além de ajudar no controle do colesterol e triglicérides.
  • Não fumar e evitar a fumaça do cigarro.
  • Moderar o consumo de álcool. Ao modificar a coagulação do sangue, o hábito de beber é mais perigoso para as pessoas com aneurisma, por conta do maior risco de hemorragia.
  • Pessoas com aneurismas que não podem ser tratados devem evitar esforços físicos exagerados.
  • Pacientes com aneurisma cerebral não roto devem evitar medicamentos antiagregantes (como a aspirina) e anticoagulantes.


Novidades

Avanços tecnológicos têm contribuído para aprimorar tanto a clipagem microcirúrgica como a embolização endovascular.

Na microcirurgia, o destaque são os equipamentos de suporte cirúrgico, como as novas versões dos neuronavegadores e microscópios cirúrgicos que permitem ao neurocirurgião visualizar os vasos sanguíneos em tempo real e ter certeza da efetividade do procedimento e da cura, sem necessidade de exames pós-operatórios. Isso é feito com a utilização da indocianina verde, substância fluorescente que torna os vasos mais visíveis. Mais potentes e performantes, os novos aparelhos reconstroem e projetam em 3D as regiões a serem tratadas com níveis de precisão inéditos, o que se traduz em mais segurança e efetividade dos procedimentos.

Também são novidade no Brasil as microcirurgias para clipagem de aneurismas com o paciente acordado. Até então, os neurocirurgiões podiam se valer da monitorização intraoperatória das atividades dos nervos cerebrais para identificar algumas áreas que poderiam ficar comprometidas. Esse recurso, porém, funciona apenas para as funções que não dependiam do estado de vigília. Com a técnica do paciente acordado, é possível identificar áreas associadas a funções como a fala, ampliando a gama de informações para orientar o neurocirurgião durante o procedimento. Outro recurso que vem sendo empregado é o doppler transoperatório para a avaliação do fluxo sanguíneo nos vasos cerebrais.

Na área endovascular avanços vêm sendo registrados com o lançamento de novos dispositivos, como os stents diversores de fluxo. Somam-se, ainda, a constante inovação e o aperfeiçoamento das espirais destacáveis usadas para oclusão (fechamento) dos aneurismas. A melhoria de materiais vem aumentando a efetividade dos procedimentos, o que evita a necessidade de intervenções subsequentes.

No campo diagnóstico, merece destaque a técnica que fornece imagens de alta resolução da parede do vaso utilizando a ressonância magnética de alto campo de ultima geração (3 tesla), permitindo a identificação visual das regiões que apresentam maior risco de ruptura, por meio da detecção de inflamação na parede do aneurisma. O recurso é fundamental para o acompanhamento dos pacientes e o planejamento das intervenções.


Diferenciais BP

Somos um dos melhores e mais bem preparados centros neurológicos do mundo para cuidar de pacientes com aneurisma cerebral. Com equipes superespecializadas de renome internacional e a mais moderna estrutura tecnológica, ofereceremos uma linha completa de serviços, desde o diagnóstico até o tratamento em qualquer fase da doença, incluindo o acompanhamento que deve ser realizado após as intervenções terapêuticas. Tudo isso permeado pelo atendimento acolhedor e humanizado que caracteriza a BP.

Nosso centro cirúrgico dispõe do estado da arte em termos de tecnologias que contribuem para aumentar a efetividade dos procedimentos. Entre elas, estão neuronavegador e microscópio cirúrgico de última geração, os mais modernos equipamentos para a monitorização intracraniana e mesas operatórias com mecanismos precisos de movimentação, que permitem reposicionar o paciente durante o ato cirúrgico.

Recursos como esses, aliados à diferenciada expertise dos nossos especialistas, possibilitam trilharmos caminhos inovadores, como a microcirurgia para clipagem de aneurisma com paciente acordado e a incorporação das mais avançadas técnicas nos procedimentos endovasculares realizados (leia mais em Novidades). Somos também um das poucas instituições do País a contar com neuroanestesistas especializados e com uma UTI Neurológica.

Igualmente diferenciado é o nosso parque de recursos de imagem, que asseguram elevados patamares de qualidade e precisão no diagnóstico e nos tratamentos, e a oferta de exames como o que permite avaliar o risco de rompimento do aneurisma em função das fragilidades das paredes das artérias. Características como essas transformaram a BP em um polo de referência no tratamento do aneurisma cerebral que, ano a ano, atrai mais pacientes do Brasil e do exterior para serem cuidados pelas nossas equipes.

Fontes: Feres Chaddad – CRM 89.100 SP e Christiane Monteiro de Siqueira Campos – CRM 80.207

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