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Julho Verde: um mês dedicado à prevenção do câncer de cabeça e pescoço

Campanha destaca as formas de prevenir esse tipo de tumor que está muito associado ao fumo, consumo exagerado de álcool e infecções pelo vírus HPV.

Publicado em 27 de julho de 2022

27 de julho é o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, doença que abrange diversos tipos de tumores e acomete por ano entre 500 mil e 600 mil pessoas no mundo todo, com números crescentes. No Brasil, a BP se une aos esforços da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) para alertar a população sobre esse problema, destacando as formas de prevenção e a importância do diagnóstico e tratamento precoces, que aumentam as chances de cura. Um aspecto preocupante no cenário brasileiro é justamente o fato de que 76% dos casos são diagnosticados em estágio avançado, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). É um número muito elevado, que implica tratamentos e intervenções terapêuticas mais complexas.


O câncer de cabeça e pescoço mais frequente é o de tireoide, que afeta três vezes mais mulheres do que homens e é abordado em uma campanha específica, realizada em maio. No Julho Verde, o foco são tumores de cabeça e pescoço que, em sua grande maioria, podem ser prevenidos. Dentre estes, os mais comuns são os de boca e de orofaringe (região da garganta, incluindo amídala e parte de trás da língua), seguidos dos de laringe (onde ficam as cordas vocais) e de hipofaringe (parte do corpo que liga a garganta ao esôfago). Esses quatro tipos, todos evitáveis, são mais comuns entre os homens, principalmente por conta do tabagismo e consumo exagerado de álcool. Existem outros cânceres de cabeça e pescoço, como os da glândula salivar, que é mais raro.


Apesar de surgirem na cabeça, as lesões de cérebro não fazem parte dos cânceres de cabeça e pescoço, uma vez que se originam nas células neurológicas.


Fatores de risco
O tabagismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento dos cânceres de cabeça e pescoço e é potencializado quando associado ao consumo demasiado de bebidas alcoólicas. Outro fator que exige cuidado são as infecções por HPV (Papilomavírus Humano), o mesmo vírus que pode causar o câncer de colo útero nas mulheres.


Prevenção
Eliminar o tabaco e o evitar o consumo exagerado de álcool são medidas preventivas fundamentais.


Crianças e adolescentes devem tomar a vacina contra o HPV, oferecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Embora ainda não exista comprovação científica de que a vacinação diminua a incidência de tumores de cabeça e pescoço, essa é uma medida profilática eficaz contra um vírus comprovadamente associado a esse tipo de câncer. Sociedades médicas e especialistas recomendam a vacinação como uma possível maneira de reduzir o número desses cânceres.


Recomenda-se também higiene bucal e consultas periódicas ao dentista. A partir de um simples exame da boca é possível detectar lesões associadas aos processos tumorais.


Sintomas


• Feridas e sangramentos na boca
• Inchaço ou ferida que não cicatriza
• Manchas vermelhas ou esbranquiçadas na boca
• Nódulo (íngua) na boca, pescoço ou mandíbula
• Dificuldade em mexer a boca ou engolir
• Rouquidão


Diagnóstico
Além do exame físico dos pacientes, os médicos se valem de recursos como a nasofibroscopia, que permite detectar e avaliar lesões mais profundas, como as de laringe e hipofaringe. O exame é feito com um nasofibrolaringoscópio, aparelho com fibra óptica que ilumina e filma as paredes das cavidades internas do nariz e pescoço.


A investigação é refinada com exames de imagem, como a tomografia e o PET-Scan (exame que revela alterações no metabolismo celular). O diagnóstico conclusivo é obtido com uma biópsia, extração de uma amostra do tecido suspeito para ser analisada em laboratório por um anatomopatologista.


O diagnóstico precoce, seguido do tratamento adequado, eleva as chances de cura para 80%.


Tratamento
Os cânceres de cabeça e pescoço podem ser tratados com radioterapia ou cirurgia, associados ou não com quimioterapia. A definição do tipo de tratamento e eventual combinação de métodos terapêuticos variam de acordo com as características de cada paciente e do tumor.


Novidades
Graças à sua precisão e aos seus recursos diferenciados, a tecnologia robótica ampliou as possibilidades de adoção da cirurgia no tratamento dos cânceres de cabeça e pescoço. Antes da robótica, os procedimentos ficavam restritos a casos bem específicos, uma vez que as cirurgias convencionais implicam riscos de sequelas.


Outra frente de avanço veio com a evolução dos equipamentos de radioterapia, que agregou maior segurança e eficácia. Novos equipamentos, como os disponíveis na BP, garantem a aplicação de doses mais elevadas de radiação em alvos cada vez mais precisos, poupando os
tecidos saudáveis.


No campo dos medicamentos, o destaque são os imunoterápicos, substâncias que estimulam o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células anormais que formam os tumores. Essa classe de medicação já é utilizada em casos de doença avançada e, mais recentemente, vem sendo adotada também no tratamento de cânceres em estágios mais iniciais. A BP é coordenadora de um estudo que está sendo conduzido no Brasil inteiro para avaliar os benefícios de imunoterápicos no tratamento de cânceres de cabeça e pescoço que envolvem o risco de perda da voz.


Cuidado multidisciplinar
O tratamento dos tumores de cabeça e pescoço exige o cuidado de uma equipe de diferentes especialistas atuando em parceria, algo que só os avançados centros especializados como a BP podem oferecer. Como existem várias opções de tratamento (cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia), a escolha da melhor abordagem terapêutica em cada caso deve ocorrer a partir da avaliação conjunta desses profissionais e decisão compartilhada. As regiões onde esse tipo de câncer incide são bastante nobres e complexas, atravessadas por muitos nervos e vasos sanguíneos, danos podem afetar funções fundamentais, como a fala e
deglutição. Para evitá-los, é fundamental que o tratamento seja conduzido com o suporte dessa equipe multiprofissional do começo ao fim, incluindo o processo de reabilitação.


Na BP, além de oncologistas especializados em câncer de cabeça e pescoço e radioterapeutas, participam dessa equipe radiologistas, patologistas, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, dentistas e especialistas em medicina nuclear e biologia molecular. Em relação a esta última área, pesquisadores da BP estão desenvolvendo novos biomarcadores moleculares que ajudarão na determinação dos melhores tratamentos para esses pacientes.