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Riscos da exposição frequente à poluição do ar

Estudos comprovam a correlação entre poluentes e o desenvolvimento da doença.

Publicado em 7 de novembro de 2022
Atualizado em 10 de novembro de 2022

A poluição do ar é fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças pulmonares, entre elas o câncer de pulmão, principal causa de morte dentre todos os cânceres em todo o mundo, apesar de ser também a principal causa de óbito evitável. O problema afeta principalmente pessoas que vivem em cidades onde há grande quantidade de emissão de poluentes por veículos automotores e aquelas cujas atividades profissionais as expõem a partículas tóxicas que podem ser aspiradas.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a exposição contínua à poluição do ar pode aumentar de 20% a 30% o risco de câncer de pulmão.

Já em 2013, a International Agency for Research on Cancer publicou documento sobre a relação entre poluição do ar e câncer de pulmão, classificando esse tipo de agressão ambiental como um fator reconhecidamente cancerígeno. De lá para cá, outros estudos foram realizados. Em 2021, por exemplo, foi publicada uma compilação de estudos europeus que não só confirmou essa correlação, como apontou que ela ocorreria a partir uma exposição menos intensa a poluentes.

Dentre os principais elementos perigosos gerados pelas emissões de veículos a diesel e gasolina estão os gases tóxicos monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3), óxido de nitrogênio (NOx), dióxido de nitrogênio (NO2), hidrocarbonetos (HC) e óxido de enxofre (SOx), além de materiais particulados.

Também têm potencial cancerígeno substâncias associadas a produtos e processos industriais. Sabe-se, por exemplo, que é extremamente perigosa a inalação de poeira de materiais que levam em sua composição amianto, sílica, benzeno, cromo e chumbo. Oferecem risco ainda substâncias como urânio, radônio, arsênico, berílio, cádmio, cloreto de vinil, gás mostarda, óxido de etileno, formaldeído, bifenil policlorado. Atualmente, pesquisas investigam a relação do câncer de pulmão com outras substâncias químicas, como dióxido de nitrogênio.

É preciso ainda prestar atenção à qualidade do ar em ambientes fechados, particularmente o fumo passivo. 66% da fumaça gerada no ato de fumar é lançada no ambiente, emitindo assim 40 compostos cancerígenos e 200 substâncias tóxicas que podem causar câncer de pulmão e outras doenças. No ambiente doméstico, há ainda riscos associados com a exposição à poeira e à fuligem, esta gerada por aquecedores e fogões movidos a querosene, carvão e biomassa (lenha, esterco animal e resíduos agrícolas).    

Partículas de poluentes menores que 2,5 micrômetros (1 micrômetro equivale à milésima parte do milímetro) têm capacidade de penetrar profundamente no sistema respiratório, podendo atingir áreas sensíveis, como os alvéolos pulmonares. Essa infiltração gera inflamação pulmonar, o que pode resultar em mutações genéticas que modificam a estrutura das células dos pulmões, levando à formação de uma lesão pré-maligna e, posteriormente, ao desenvolvimento do câncer. Estudos demonstram que, quanto maior a concentração de poluição no ambiente, maior é a relação com o câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram e também maior o risco de óbito.

Ação preventiva

Ainda não foi estabelecida uma estratégia oficial de realização de exames para a detecção precoce de tumores pulmonares para a população exposta à poluição atmosférica. Assim, o que podemos fazer individualmente é evitar o fumo passivo e a exposição a poluentes, como não realizar atividades físicas em locais próximos a vias com grande circulação de veículos. Além disso, podemos contribuir com medidas que ajudam a diminuir o número de carros em circulação, optando pelo transporte público ou meios alternativos. Também é importante trocar o filtro do ar-condicionado do veículo a cada três meses.

Coletivamente, é preciso fazer valer leis ambientais que assegurem que as emissões de poluentes estejam dentro os limites aceitáveis para a saúde, o que exige estruturas e equipes especializadas para o monitoramento dos níveis de poluição do ar. Igualmente importante é a preservação do meio ambiente, com conservação e ampliação das áreas florestais e reflorestamento das áreas degradadas. Nas cidades, a implantação, ampliação e manutenção de áreas verdes ajudam no combate à poluição.

Atenção aos sintomas

O fumo direto ainda é a principal causa do câncer do pulmão, respondendo por dois terços dos casos. Contudo, observa-se atualmente aumento da doença em não tabagistas. Logo, fumantes e não fumantes devem prestar atenção a sintomas como tosse persistente por mais de oito semanas, expectoração (tosse) com sangue, perda de peso e falta de ar para atividades que antes a pessoa conseguia fazer sem dificuldades. 

Tais sintomas podem estar associados a diferentes doenças pulmonares, inclusive o câncer. De qualquer forma, são sinais de alerta que recomendam agendar logo uma consulta com o pneumologista.