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Câncer de mama: como lidar psicologicamente com o recebimento desse diagnóstico?

Informação e suporte especializado ajudam a encontrar o equilíbrio emocional e a enfrentar o tratamento com mais tranquilidade. Isso, inclusive, pode se refletir positivamente nos resultados.

Com os avanços da medicina, o câncer de mama tornou-se uma doença com grandes possibilidades de cura, principalmente quando diagnosticado em estágio inicial, o que ocorre com 97% das mulheres que fazem a mamografia anual de rastreamento. Mesmo cânceres mais agressivos hoje são passíveis de cura. Ainda assim, receber um diagnóstico da doença sempre assusta. Medo, preocupação, ansiedade, culpa, tristeza, revolta, negação... Os sentimentos variam de mulher para mulher e, apesar de serem de maior ou menor intensidade, eles se manifestam em todas.

Além dos aspectos relacionados à doença em si, o câncer de mama envolve questões associadas à autoestima e à própria identidade feminina. Afinal, o tratamento consiste na retirada parcial ou de toda a mama e a quimioterapia, se necessária, provavelmente provocará a queda dos cabelos – aspectos profundamente ligados à vaidade feminina e à percepção de si própria como mulher. Como lidar com tudo isso?

Antes de tudo, é importante que o médico tenha sensibilidade ao dar a notícia para a paciente. É fundamental mostra-se solidário e esclarecer tudo detalhadamente – desde tipo e subtipo de tumor, tratamento mais indicado, como ele funciona, as fases e o que ocorre em cada uma delas, chances de cura, eventuais efeitos colaterais da radioterapia ou quimioterapia e como eles podem ser gerenciados. A mulher tem que sentir-se próxima e ter confiança no médico.

Quando a cirurgia é indicada, é importante a paciente saber que os métodos adotados hoje são bem menos invasivos. Sempre que possível, é realizada uma cirurgia que retira apenas o tumor com margens de segurança, conservado todo o restante da mama. Mesmo quando é necessária a retirada total, a reconstrução da mama pode ser realizada no mesmo momento da cirurgia, com resultados estéticos muito bons.

No caso da quimioterapia, saber que atualmente ela é menos agressiva e com sintomas mais amenos ajuda a tranquilizar a paciente. A queda de cabelo, porém, é bastante provável – é observada em cerca de 70% dos casos. Mas também aqui há recursos que podem ser adotados, como utilizar uma touca elástica gelada para minimizar ou evitar a queda – um recurso disponível na BP – e o uso de próteses capilares, que hoje são bem realistas.

O que ajuda e o que prejudica
Dispor dessas informações certamente ajudará a mulher a lidar melhor com a situação. Na ocorrência de distúrbios mais acentuados, como depressão, ansiedade ou insônia, por exemplo, é recomendável buscar suporte de um psicólogo ou psiquiatra. Há psicólogos especializados no atendimento de pacientes oncológicos e medicamentos que ajudam a controlar esses problemas.

O estado psicológico/emocional pode interferir positivamente ou negativamente no sistema imunológico e, possivelmente, na resposta ao tratamento. Além de psicoterapia e medicamentos, a paciente pode se sentir melhor com a prática de atividades físicas, meditação, ioga ou terapia ocupacional, entre outras. Se tiver uma religião ou se interessar por alguma, isso também pode ser um recurso para proporcionar tranquilidade e alento.

Durante o tratamento, é aconselhável ter acompanhamento nutricional e manter a rotina mais próxima possível da vida normal, inclusive no trabalho, se a paciente se sentir em condições. A vida sexual também pode seguir o ritmo normal.

Dúvidas certamente surgirão ao longo do percurso e a melhor pessoa para esclarecê-las é o médico e não a internet, que está repleta de informações incorretas e receitas de chás, remédios “alternativos” e outras soluções “milagrosas” que não apenas não funcionam como podem interferir na efetividade do tratamento. Sites oficiais de entidades médicas trazem conteúdos confiáveis para informações gerais, mas quem conhece cada caso específico é o médico que o acompanha. A experiência da amiga, parente ou vizinha que teve câncer de mama também não serve como referência. Cada caso é diferente do outro.

Por tudo isso, a melhor forma de lidar com o recebimento de um diagnóstico de câncer de mama é trocar o medo, a preocupação, a tristeza, a ansiedade, etc. por uma atitude positiva, baseada em informações corretas e atualizadas, sempre com o acompanhamento próximo do médico e suporte de outros especialistas quando necessário. O câncer de mama é altamente curável, os tratamentos estão muito mais eficientes e menos agressivos e não faltam soluções para superar os problemas que poderiam impactar a estética e afetar a autoestima. Assim, se o diagnóstico de câncer de mama pode fazer surgirem nuvens cinzentas naquele momento, esses fatores são mais que suficientes para dissipá-las rapidamente, abrindo caminhos para o que é mais importante: a superação da doença.

Fonte: Alfredo Carlos Simões Dornellas de Barros – CRM 31.918 SP; Fabricio Palermo Brenelli – CRM 102.340 SP; Manoel Carlos Leonardi de Azevedo Souza – CRM 139.361 SP

Data da última atualização: 1/6/2021