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Importantes avanços no tratamento do linfoma não Hodgkin

Novas terapias reforçam o leque de recursos para tratar pacientes que não respondem adequadamente aos medicamentos já consagrados

A medicina vem avançando a passos largos e seguros no tratamento do linfoma não Hodgkin, tipo mais frequente de câncer hematológico. Originado nas células do sistema linfático, ele se subdivide em mais de 60 subtipos. Importantes conquistas têm sido obtidas no enfrentamento de casos de doença refratária (que não responde ao tratamento) ou recidiva (volta da doença após o tratamento).

Até recentemente, os pacientes com linfoma não Hodgkin eram tratados apenas por meio de quimioterapia e, às vezes, radioterapia. Transplantes eram indicados apenas para os pacientes com melhor estado de saúde e a depender do tipo da doença. Quando as intervenções medicamentosas falhavam, restava aos médicos tentar substituições dentre os quimioterápicos disponíveis ou iniciar os cuidados paliativos.

Esse cenário vem mudando com o aperfeiçoamento dos quimioterápicos e com o desenvolvimento de outros tipos de terapias que utilizam novos mecanismos para combater as células doentes. São alternativas mais eficientes e menos tóxicas, que estão aumentando a sobrevida dos pacientes, além de agregar ganhos para a qualidade de vida. Algumas dessas novas alternativas são de administração oral, desobrigando a idas aos centros de infusão para receber os medicamentos por via endovenosa.

Novos caminhos
Progressos advêm, por exemplo, da descoberta de fatores relacionados a alterações genéticas adquiridas que se tornaram alvo das terapias, possibilitando o desenvolvimento de novas moléculas que agem dentro das células doentes. Essas novas opções terapêuticas, a depender do tipo de linfoma, se mostram eficazes no controle da doença e, em alguns casos, podem até curá-la.

Outra frente promissora para o tratamento de alguns tipos do linfoma não Hodgkin provém da imunoterapia. Nesse amplo e promissor campo, destacam-se os imunomoduladores biológicos, como a lenalidomida, e o desenvolvimento de inibidores de checkpoints, substâncias que atuam como reguladoras das respostas imunológicas do organismo, ‘ensinando’ as células boas a atacarem as células tumorais. Os inibidores de checkpoints mais eficazes em linfomas são o pembrolizumabe e o nivolumabe.

Ainda no âmbito da imunoterapia, existem os anticorpos monoclonais, substâncias que têm capacidade de interagir com determinadas proteínas existentes na superfície das células doentes. Cada tipo de anticorpo tem poder terapêutico para tipos específicos de células, o que significa que cada um deles é direcionado para determinado subtipo de linfoma não Hodgkin.

Somam-se ainda os anticorpos conjugados a medicamentos, como o brentuximab, usado especificamente para linfomas que têm como marcador tumoral a proteína CD30. Além deles, existem os anticorpos biespecíficos, que atuam de modo combinado. Enquanto um anticorpo se conecta às células doentes, outro se junta aos linfócitos T saudáveis do sistema imunológico, garantindo que esta sentinela de defesa do organismo atue no combate às células anormais.

O que está por vir
Complementa o rol de novidades a terapia de CAR-T Cell, baseada na combinação da terapia celular, terapia gênica e a imunoterapia. Por meio dela, algumas células T são extraídas do paciente para serem modificadas em laboratório a fim de ‘treiná-las’ para atacar tumores. Depois, elas são clonadas e infundidas por transfusão no sistema imunológico como um batalhão pronto para atacar as células tumorais com velocidade.

Para alguns pacientes que não respondem à quimioterapia e a outras alternativas terapêuticas, a CAR-T Cell pode colocar a doença em remissão por muito tempo e até aumentar as chances de cura. Nos Estados Unidos, essa terapia, de custos ainda muito elevados, já está autorizada para alguns tipos de linfoma não Hodgkin. No Brasil, ainda aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Essas novas terapias servem de modo específico para cada tipo de paciente. Em geral, elas são empregadas de modo combinado para cada tipo de linfoma não Hodgkin, que são classificados em função do tipo de células linfoides afetadas (linfócitos B, T e NK), tamanho, forma e o padrão de apresentação ao microscópio.

A definição sobre se e quando deve haver tratamento leva em conta o perfil de agressividade dos mais de 60 subtipos de linfomas não Hodgkin. Os agressivos, que apresentam crescimento acelerado, exigem tratamento imediato. Os indolentes, que se desenvolvem lentamente ao longo dos anos, possibilitam que, em alguns casos, a doença seja apenas acompanhada, sem intervenções medicamentosas. Existem pacientes com linfoma não Hodgkin indolentes que nunca precisarão de tratamento.

Fonte: Danielle Leão Cordeiro de Farias – CRM/SP: 94.841 SP

Data da última atualização: 4/5/2021