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Novas tecnologias aprimoram o diagnóstico do câncer de próstata

Ressonância magnética multiparamétrica, biópsia de fusão e PET-CT PSMA estão entre os avanços para enfrentar o tumor mais comum entre os homens no Brasil depois do câncer de pele não melanoma.

Quanto mais rápido e preciso for o diagnóstico do câncer de próstata, maior é a chance de cura, o que faz das inovações nessa área aliadas fundamentais no combate ao tipo de tumor mais comum entre os homens no Brasil (excetuado o câncer de pele não melanoma). Afetando particularmente os mais velhos – cerca de 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos –, grande parte dessas lesões se desenvolve de maneira lenta, sem provocar sintomas. Por isso, podem progredir silenciosamente, espalhando-se para outros órgãos (metástases), colocando a vida dos pacientes em risco.

A identificação dos tumores que se formam nessa glândula masculina ocorre inicialmente quando há resultados suspeitos nos exames de triagem, que consistem na combinação de dois métodos bem estabelecidos: a dosagem de PSA, exame de sangue que mensura a quantidade do antígeno prostático específico, e o toque retal, exame rápido e indolor em que o médico, usando luva lubrificada, introduz o dedo no reto do paciente para palpar a próstata e verificar a presença ou não de nódulos ou tecidos endurecidos que podem sinalizar a doença em fase inicial.

Há cerca de uma década, se esses exames sugerissem a possível ocorrência de um tumor, o passo seguinte era a realização de uma biópsia. Isso mudou com a ressonância magnética multiparamétrica, um tipo de ressonância mais precisa, usada principalmente para identificar o estágio da doença (estadiamento, na linguagem técnica) e para definir, caso a caso, quando a biópsia é necessária, isto é, quando é realmente necessário extrair uma amostra do tecido doente para a análise anatomopatológica laboratorial.

A ressonância multiparamétrica de próstata auxilia na definição da localização mais exata do tumor, garantindo biópsias mais precisas e reduzindo as chances de falso-negativos relacionados a imprecisões dos pontos de extração. Infelizmente, ainda são comuns resultados de biópsia falso-negativos por conta dessa falta de acurácia na hora de realização do procedimento para retirada da amostra a ser analisada.

Nos centros mais avançados, como a BP, já são realizadas as biópsias transretais com fusão de imagens. Essa técnica usa imagens de ultrassonografia captadas no momento do procedimento combinadas com as imagens de ressonância magnética registradas previamente. Ambas são fundidas com a utilização de um software que produz um mapa visual que ajuda o médico a chegar à posição exata dos tumores.

Estudos científicos mostram que essa tecnologia aumentou a eficácia de detecção dos cânceres clinicamente significativos, isto é, aqueles mais perigosos. Além disso, os resultados desse exame dão mais segurança quando registram biópsias negativas. No campo das tendências, despontam também as biópsias de próstata transperineais (através do períneo), que vêm mostrando patamares de segurança mais elevados em relação às biópsias transretais.

Outra novidade de ponta são os testes moleculares, que permitem saber quem tem risco de desenvolver o câncer. Essas informações também são úteis para colocar sob suspeita os falso-negativos obtidos por biópsias imprecisas.

Precisão terapêutica
Avanços tecnológicos também estão permitindo identificar a disseminação das células doentes pelo corpo do paciente (metástases) logo nas fases iniciais. Os recursos disponíveis até recentemente, como ultrassonografia, ressonância magnética, tomografia computadorizada e cintilografia não mostravam esse processo, fazendo o médico achar que estava lidando ainda com um tumor localizado. Assim, o tratamento (cirurgia ou radioterapia) era aplicado localmente e só depois se descobria que o câncer havia se espalhado para outras partes do organismo.

Isso mudou com o PET-CT PSMA, que une a tomografia por emissão de pósitrons (PET, na sigla em inglês), a tomografia computadorizada (CT, na sigla em inglês) e o uso do PSMA (sigla em inglês para antígeno de membrana específico para próstata). Uma vez injetada na corrente sanguínea do paciente, essa proteína funciona como um marcador tumoral que se instala nas células doentes espalhadas pelo corpo, possibilitando que o radiologista localize as lesões por meio das imagens do PET-CT. A BP é um dos centros brasileiros que mais domina essa técnica.

Mas a inovação do PET-CT PSMA não parou por aí. Ao ser adicionado um elemento radioativo à proteína PSMA, o lutécio-177, o procedimento também começou a ser aplicado no combate ao câncer de próstata metastático resistente à castração, com progressão de doença mesmo em vigência das terapias prévias já realizadas. Esse é o promissor campo da chamada medicina teranóstica, que usa ao mesmo tempo os radiofármacos como ferramentas diagnósticas e terapêuticas. No caso do PET-CT PSMA-lutécio-177, o marcador tumoral PSMA leva essas substâncias radioativas de baixa dosagem para dentro da célula doente, a fim de eliminá-las.

Um estudo clínico publicado recentemente, comparando o uso do PET-CT PSMA-lutécio-177 com resultados do tratamento convencional baseado em bloqueio hormonal, confirma o entusiasmo dos especialistas com essa nova tecnologia. Analisando a ação do PSMA-lutécio-177 em pacientes com câncer metastático, foi constatada a redução da metástase e o aumento da sobrevida. Trata-se de mais um avanço advindo de uma equação infalível: ciência + tecnologia = mais saúde.

Fonte: Daher Cezar Chade – CRM 105.209 SP | Douglas Jorge Racy – CRM 70.303 SP

Data da última atualização: 31/3/2021