Artigo

O que fazer quando o câncer de próstata volta após a cirurgia ou a radioterapia

Depois da cirurgia ou radioterapia, o câncer de próstata voltou. O que fazer?

Hoje a Medicina dispõe de eficientes alternativas para tratar a recidiva da doença. Estratégias são definidas caso a caso, visando sempre assegurar os melhores resultados e a qualidade de vida do paciente.

Em alguns pacientes, tumores da próstata podem voltar a aparecer após o tratamento inicial por meio de cirurgia (prostatectomia radical) ou radioterapia, procedimentos destinados à eliminação dessa glândula masculina. É a chamada recidiva do câncer, cujo risco depende da apresentação inicial da doença e das características genéticas e morfológicas das lesões. Tumores muito pequenos e localizados têm chances de cura em torno de 100%, portanto com baixíssimo risco de voltar a se desenvolver após o primeiro tratamento. Em contrapartida, nos tumores que já são inicialmente mais avançados, esse risco é maior.

Segundo dados do National Cancer Institute, órgão que controla os dados epidemiológicos e resultados dos programas oncológicos dos Estados Unidos, 74% dos tumores de próstata são diagnosticados ainda na fase localizada, ou seja, restritos à glândula. Os tumores regionais, que são aqueles que já se infiltraram para tecidos e órgãos adjacentes, representam 13%; enquanto os com disseminação a distância ou metastáticos, que geralmente comprometem linfonodos e ossos, totalizam 7%. Os outros 6% referem-se a estágios de desenvolvimento indeterminados.

Em países em desenvolvimento como o Brasil a detecção do câncer de próstata em estágios mais avançados é maior, em razão dos limites dos programas de rastreamento para a detecção precoce da doença. Essa condição torna ainda mais importante manter rigorosamente o acompanhamento médico após o primeiro tratamento e a realização periódica de exames de antígeno prostático específico (PSA), que mensura a concentração no organismo desse marcador produzido pela próstata.

Todos os pacientes que tiveram câncer de próstata devem fazer exames de seguimento semestrais ou anuais de PSA, a depender do caso, que devem ser incorporados aos check-ups de rotina. Nos pacientes que tiveram a próstata retirada por prostatectomia radical ou eliminada por meio de radioterapia, o valor do PSA deve ser próximo de zero. No caso de não apresentarem PSA zerado, o acompanhamento deve ser mais próximo, com a realização de exames e avaliações clínicas definidas pelos médicos.

Alternativas de tratamento
O retorno do câncer de próstata após o primeiro tratamento pode ocorrer em dois cenários: recidiva local, com regresso de tumor onde ficava a próstata; ou a distância, condição que configura a metástase (quando o câncer afeta outras partes do organismo). Todos os casos podem e devem ser tratados com diligência e prontidão.

As estratégias de intervenção levam em conta qual foi o tratamento inicial. Numa recidiva local do paciente que só fez a cirurgia como primeiro tratamento, pode ser indicada a aplicação de radioterapia ou hormonioterapia em casos selecionados. Em pacientes tratados inicialmente com radioterapia, pode ser definida uma abordagem cirúrgica, bloqueio hormonal e, em casos de exceção, uma nova dose de radiação direcionada à próstata pode ser indicada.

O manejo hormonal dos pacientes com câncer de próstata é uma estratégia utilizada em todos os cenários de recidiva, uma vez que as lesões tumorais surgem a partir de células da próstata anormais que são estimuladas pela testosterona, o principal hormônio sexual masculino.

No caso das metástases, o tratamento preferencial é o bloqueio hormonal. Atualmente, os médicos conseguem impedir o avanço das metástases por anos com esse recurso. E quando a recidiva a distância ocorre com poucos tumores e em pontos bem localizados pode-se recorrer a tratamentos localizados, como radioterapia, a fim de postergar a intervenção hormonal, adiando também a possibilidade de alguns dos seus efeitos colaterais como a impotência sexual, perda de vitalidade e de massa muscular e lentificação do raciocínio, particularmente nos pacientes mais idosos.

Comparado com um passado nem tão distante, hoje a Medicina dispõe de muitas novas ferramentas para enfrentar o câncer de próstata recidivado. Atualmente, além dos medicamentos tradicionais para o bloqueio hormonal, existem novas classes de anti-hormonais que são utilizados em combinação com os primeiros. São medicações orais, geralmente bem toleradas, que ajudam a retardar a progressão da doença e, mais do que isso, aumentam a sobrevida dos pacientes. Apesar da possibilidade de ocorrência dos efeitos colaterais da terapia de bloqueio hormonal, vale mencionar que esses efeitos são manejáveis, possibilitando uma positiva realidade: é possível combater o câncer de próstata recidivado mantendo uma boa qualidade de vida.

Fonte: Camilla Akemi Felizardo Yamada – CRM 118.900 SP

Data da última atualização: 26/8/2021