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Leucemia mieloide crônica é uma doença altamente controlável. E o compromisso com o tratamento é a grande arma para enfrentá-la.

Os inibidores de tirosina quinase revolucionaram o prognóstico da doença. Mas o sucesso do tratamento depende da adesão ao uso dos medicamentos.

Celebrado no dia 22 de setembro, o Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crônica foi criado com o objetivo de alertar para a importância da adesão ao tratamento de uma doença onco-hematológica que hoje é altamente controlável por meio da ingestão de comprimidos orais.

Até a virada deste século, pacientes diagnosticados com leucemia mieloide crônica, doença caracterizada por alterações na medula óssea que levam à proliferação exagerada de células sanguíneas anormais, tinham uma mediana de expectativa de vida de cinco anos. Graças ao uso dos inibidores de tirosina quinase, hoje eles têm expectativa de vida igual à das pessoas livres desse diagnóstico. Existem casos de evolução mais grave, mas eles são cada vez mais raros.

Essa revolução no tratamento torna ainda mais evidente a importância de os pacientes aderirem rigorosamente às prescrições medicamentosas e manterem o acompanhamento médico regular para avaliar se as metas terapêuticas vêm sendo atingidas. De acordo com consensos científicos, os médicos observam periodicamente se a medicação indicada vem conseguindo reduzir a quantidade de células leucêmicas a determinados percentuais. Isso é feito até quase zerar as células anormais, chegando a níveis ótimos de controle da doença.

Pacientes que seguem essa jornada conseguem controlar a doença até o final da vida, falecendo quase sempre por conta do processo natural de envelhecimento ou em razão de outras doenças. Todavia, o descuido com a medicação coloca em risco essa estratégica, expondo-os a riscos totalmente evitáveis. Se as metas medicamentosas funcionam como marcadores do sucesso do tratamento, quanto mais o paciente adere ao uso desses remédios, mais sucesso ele obtém com o tratamento, fato comprovado inclusive por estudos científicos.

Aderindo à vida
Entre os principais motivos que levam à negligência, estão o tempo prolongado do tratamento e alta eficácia dele. Os anos vão passando e os pacientes se vêm completamente livres de sintomas, o que os leva a pensar, erroneamente, que não necessitam mais dos remédios que estão, justamente, favorecendo a saúde. Há, ainda, aqueles que se incomodam com eventuais efeitos colaterais. Mas as interrupções, principalmente as prolongadas, e o uso desregulado e intermitente dos medicamentos podem abrir portas para o retorno da doença, às vezes de forma agravada. Em alguns desses casos é inclusive, inclusive, fazer troca de medicamentos.

A interrupção do uso das medicações é até possível para pacientes que atingiram níveis excelentes de controle da doença por tempo prolongado, muitas vezes com níveis indetectáveis de células leucêmicas. Contudo, essa alternativa só é viável mediante supervisão médica, que vai garantir que a enfermidade não está voltando. Caso seja detectado o reaparecimento das células leucêmicas, será necessário regressar ao tratamento medicamentoso. Cerca de 50% dos pacientes que param o uso do remédio nesse cenário precisam retornar a ele.

Novidades à vista
Atualmente, os inibidores de tirosina quinase já estão na terceira geração, o que indica que existem opções variadas para o tratamento dos pacientes. Quanto mais nova a geração, mais potentes eles são. Por outro lado, quanto mais potentes, mais efeitos colaterais podem apresentar, o que requer formas específicas de manejá-los. Alguns desses medicamentos, inclusive, têm interação com certos tipos de alimentos, o que exige seguir a orientação médica sobre as formas seguras e adequadas de consumo alimentar e dos medicamentos.

Em breve, estudos começarão a analisar a eficácia de uma nova geração de inibidores de tirosina quinase que promete levar adiante essa revolução no tratamento da leucemia mieloide crônica.

Com tantos recursos eficazes à disposição, o único risco de comprometer os resultados no cuidado da doença é esquecer-se de tomar o remédio ou interromper o uso, seja lá qual for o motivo.

Esqueceu ou parou por algum motivo de força maior? A recomendação é retomar o uso regular prontamente, pois esse é o melhor caminho para se beneficiar da revolução do tratamento leucemia mieloide crônica, um dos maiores exemplos de sucesso da medicina moderna.

Fonte: Fábio Pires de Souza Santos - CRM 108.253 SP

Data da última atualização: 26/8/2021