A próstata, glândula que produz e armazena parte do fluido seminal do sistema reprodutor masculino, tende a crescer ao longo do processo do envelhecimento, o que não é em si nenhum motivo de grande preocupação. Contudo, o crescimento dessa glândula é também um dos principais sinais de alerta para o câncer de próstata, o tipo de tumor mais comum entre os homens no Brasil, quando não se considera o câncer de pele não melanoma.
Tido como o câncer da terceira idade por excelência, cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos, segundo do Instituto Nacional do de Câncer (Inca). Dados estatísticos também apontam que aproximadamente 70% dos homens com 70 anos ou mais terão um tumor do gênero. Embora os números soem assustadores, é importante saber que, para boa parte desse contingente, essas lesões poderão ser apenas acompanhadas e algumas sequer serão descobertas ao longo da vida, sem oferecer maiores riscos à saúde.
Se todos os homens precisam ficar atentos a essa doença, alguns devem redobrar a vigilância, levando em conta a existência de outros fatores de risco para além da idade:
Embora o câncer de próstata seja uma doença costumeiramente silenciosa, é preciso prestar atenção a alguns sinais do corpo, como diminuição do jato de urina, dificuldade para urinar ou vontade de urinar diversas vezes durante o dia ou à noite, muitas vezes tendo de acordar ao longo do sono.
Esses sintomas indicam o crescimento da próstata, que pode ser benigno ou não. Uma consulta com o urologista pode esclarecer qualquer dúvida. Mas, independentemente desses sinais, é fundamental que os homens incluam em suas rotinas visitas anuais a esses especialistas.
Nessas consultas, o urologista avaliará a necessidade de realização do toque retal, um exame rápido (dura em média 10 segundos) e indolor, que permite investigar também outras doenças da próstata, como a prostatite (inflamação da próstata). Além disso, de acordo com as características de cada paciente, pode ser solicitado o exame de PSA (antígeno prostático específico). Suspeitas relevantes são esclarecidas mediante exames de imagem, como a ressonância magnética, e biópsia, ou seja, a extração de uma amostra de tecido da próstata para análise em laboratório (exame anatomopatológico).
Para pacientes com tumor localizado, ou seja, restrito à próstata, o tratamento resolutivo preferencial é a prostatectomia radical, cirurgia para retirada completa da próstata, das vesículas seminais e, às vezes, dos linfonodos regionais. O procedimento pode ser convencional, laparoscópico ou robótico, este último destacando-se pelo seu alto grau de precisão e segurança.
No entanto, muitos pacientes com tumores localizados e baixo grau de agressividade podem ser beneficiados com a vigilância ativa, isto é, o monitoramento periódico por meio de exames e consultas a fim de atestar que ainda não é o momento para intervenções.
A radioterapia também pode ser aplicada, tanto em casos iniciais quanto em alguns mais avançados, assim como no pós-operatório de tumores localizados, a fim de prevenir a volta da doença por conta de alguma célula residual que não tenha sido extraída.
Nos casos de câncer avançado ou de metástase (quando as células cancerígenas se espalharam para outras partes do corpo), um importante recurso adotado é a terapia de privação androgênica, também conhecida por hormonioterapia, uma designação que, às vezes, gera confusão nos leigos. Isso porque, em vez de administrar hormônios como o nome sugere, a terapia está baseada em suprimir a produção de testosterona, substância que estimula o crescimento dos tumores da próstata. A terapia de privação androgênica pode ser administrada periodicamente (de seis meses até três anos) ou ao longo da vida toda, dependendo do estágio da doença.
Além disso, existem outros tipos de medicamentos usados nas fases mais avançadas da doença, como os anti-androgênicos de nova geração, os quimioterápicos e os remédios alvo-dirigidos, indicados para pacientes que têm tumores com determinadas características genéticas e moleculares.
Para o câncer de próstata também vale a máxima da oncologia: quanto mais cedo for diagnosticado e tratado corretamente, maiores serão as chances de cura. Ainda que o rastreio populacional com PSA seja um assunto controverso e frequentemente debatido por especialistas em todo mundo, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os exames de rastreamento sejam iniciados a partir dos 45 anos e antes disso, aos 40 anos, para homens negros ou com parentes de primeiro grau que tiveram câncer de próstata.
Fonte: Rodrigo Coutinho - CRM/SP 148.246
Data de produção: 26/07/2022
Data da última atualização: 28/07/2022