Programa de Transplante de Medula Óssea Pediátrico

O que é

O Programa de Transplante de Medula Óssea Pediátrico da BP é voltado a pacientes pediátricos, dedicado à realização desse procedimento baseado na completa renovação da medula óssea, indicado para o tratamento de doenças que afetam a medula e as células do sangue, como alguns tipos de leucemia, síndrome de falência medular (aplasia medular), anemia falciforme, talassemia e imunodeficiência adquirida ou congênita (o bebê já nasce o problema).

O processo envolve a eliminação da medula do paciente por meio de quimioterapia e, às vezes, quimioterapia combinada com radioterapia e, depois, o transplante de células da medula óssea (células-tronco) sadias de doadores (transplante alogênico).

O transplante de medula óssea também é indicado quando o tratamento do câncer infantil por quimioterapia e radioterapia acaba provocando lesões ou destruindo a medula, o que pode ocorrer no enfrentamento de tumores cerebrais (neuroblastomas), lesões nos gânglios e tumor ocular (retinoblastomas), entre outros. Nesses casos, é indicado o transplante autólogo (que usa células do próprio paciente). Antes dos procedimentos oncológicos, uma quantidade de células da medula da criança é coletada e congelada. Depois que o câncer foi combatido, essas células são devolvidas para o organismo do paciente para que se multipliquem, refazendo toda a estrutura medular.

Na BP, realizamos todos os tipos de transplante de medula óssea:

  • Autólogo: as células transplantadas são provenientes da própria criança em tratamento.
  • Alogênico aparentado: o material transplantado é proveniente de um familiar, idealmente irmão ou irmã, mas também pai ou mãe, com uma composição genética semelhante à da criança receptora. Essa compatibilidade é verificada por meio de exame de sangue para avaliação do HLA (antígeno leucocitário humano).
  • Alogênico não aparentado: o doador pode ser qualquer adulto com composição genética compatível com a da criança. Nesse tipo também podem ser utilizadas células-tronco obtidas em banco de cordão umbilical.
  • Haploidêntico: nessa técnica mais recente os médicos extraem células-tronco de um doador parcialmente compatível e inativam aquelas que podem causar rejeição ao serem transplantadas. Isso permite que o transplante seja realizado a partir de doador irmão, irmã, pai, mãe ou outro membro da família cuja compatibilidade gire em torno dos 50%.

A quem se destina

Nosso programa atende desde recém-nascidos com imunodeficiências congênitas até crianças e adolescentes (até 18 anos) que necessitem de qualquer tipo de transplante de medula óssea.

Como o serviço funciona

Contamos com um setor exclusivo para cuidar do paciente pediátrico antes e depois do transplante de medula óssea.

  • O paciente geralmente chega ao nosso Programa de Transplante de Medula Óssea Pediátrico encaminhado por um oncologista ou hematologista pediátrico. Nossos especialistas analisam se o transplante é indicado para o caso e solicitam uma série de exames para avaliar o estágio da doença e o estado de saúde da criança. É fundamental saber se o paciente tem condições clínicas para ser submetido ao procedimento e identificar o melhor momento para realizá-lo.
  • Também são realizados exames de sorologia para verificar a saúde do doador e avaliação do HLA (antígeno leucocitário humano) para comprovar a compatibilidade das células a serem doadas com o receptor. No caso de transplante alogênico aparentado tudo é feito na BP, inclusive a coleta das células a serem transplantadas. Quando não existem pessoas compatíveis na família para a doação e o doador foi identificado a partir do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), esses procedimentos são coordenados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). O tempo médio para identificação de doadores aptos gira em torno de três meses.
  • Alguns pacientes já chegam ao nosso programa com doador identificado. Para aqueles que ainda não têm doadores, nossa equipe administrativa ajuda a gerenciar o processo junto ao Redome. Esse apoio é fundamental, inclusive para garantir que a coleta do material doado ocorra de forma casada com o transplante. Depois de coletadas, as células devem ser transplantadas no paciente idealmente em até 48 horas. Passado esse prazo, devem ser congeladas.
  • Existem dois métodos principais de coleta: (1) punção nos ossos do quadril do doador, realizada em centro cirúrgico com anestesia e (2) uso de medicação que estimula a circulação das células medulares no sangue para a posterior realização de aférese (técnica de separação dos componentes do sangue). Para isso, a corrente sanguínea do doador é interligada a um equipamento que permite extrair as células desejadas, devolvendo os demais componentes ao organismo. Para o transplante alogênico pediátrico, a coleta preferencial é via punção. Já para o transplante autólogo pediátrico, a aférese é mais indicada.
  • Antes da realização do transplante, a criança é internada para que seja realizado o condicionamento, ou seja, a preparação do organismo para receber as novas células sadias da medula óssea. Isso é feito com a administração de altas doses de quimioterapia e, em alguns casos, também radioterapia, visando impedir que o sistema imunológico do paciente ataque as células que serão transplantadas. Nos casos oncológicos o condicionamento também ajuda a erradicar as células tumorais.
  • O transplante de medula óssea é semelhante a uma transfusão de sangue. Realizado no quarto onde a criança permanece internada, o procedimento usa um cateter venoso para transfundir as células sadias. Ao caírem na corrente sanguínea, elas são levadas até os ossos, onde se instalam e começam o processo de recuperação da medula óssea.
  • Após o transplante, inicia-se o processo de recuperação medular que é supervisionado e se estende por duas a três semanas. Num primeiro momento, ocorre a aplasia medular, caracterizada pela queda geral do número das células do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas). Nessa fase, os cuidados precisam ser redobrados, pois a criança fica mais exposta a infeções por bactérias, fungos, vírus e protozoários. Esses perigos são enfrentados com medicamentos como antibióticos. Transfusões de sangue podem ser realizadas para suprir a deficiência da quantidade de hemácias e plaquetas.
  • O momento mais esperado é o da “pega” da medula, quando ela consegue produzir finalmente as células do sangue em quantidade suficiente. Esse tempo sempre é variável, a depender do tipo de transplante e da velocidade de multiplicação das células doadas.
  • Nossas equipes permanecem prontas para agir se houver complicações. No caso do transplante alogênico (células transplantadas de doador), pode ocorrer a doença de enxerto contra hospedeiro (DECH), quando o sistema imunológico do paciente reconhece as células do doador como estranhas e passa a atacá-las. No transplante autólogo não ocorre a DECH, mas falhas na pega podem acontecer por outros motivos.
  • Depois da alta o paciente passa por consultas semanais com a nossa equipe de transplante para avaliar a evolução do quadro e identificar qualquer complicação. A DECH, por exemplo, pode ocorrer em até 100 dias após o transplante. Esse acompanhamento mais próximo se prolonga por, pelo menos, três meses. Mas o acompanhamento médico posterior deve ser feito ao longo de toda a vida. A partir do quinto ano após o transplante, livre de complicações, as consultas com os médicos do programa da BP passam a ser anuais.

Nossos diferenciais

Nosso Programa de Transplante de Medula Óssea Pediátrico reúne o que há de mais moderno, seguro e efetivo para garantir o cuidado integral do paciente e familiares.

Muitas vezes, a atuação da nossa rede de cuidados começa antes da internação do paciente. A equipe administrativa, por exemplo, está pronta para ajudar na resolução de problemas práticos como o gerenciamento da busca de um doador junto ao Redome, a identificação de locais para hospedagem de familiares que não moram em São Paulo e o contato com as operadoras de planos de saúde para liberação de medicações. Uma vez na BP o paciente e o acompanhante contam com o suporte de uma enfermeira navegadora, que os acompanha e facilita o acesso aos diferentes setores dentro da instituição.

Com reconhecida competência técnica e científica, nossa equipe médica é formada por renomados pediatras, oncologistas, hematologistas e especialistas em transplante de medula óssea pediátrico. Inclui, ainda, um paliativista, médico especializado no controle da dor e cuidados para garantir as melhores condições de conforto e bem-estar aos bebês, crianças e adolescentes durante todo o ciclo do tratamento. Trata-se de um diferencial importante, já que, além do longo período de internação, os pacientes precisam de suporte para lidar com os efeitos adversos associados ao tratamento.

Diferentemente de boa parte dos outros serviços, a equipe médica do programa da BP atua com dedicação exclusiva, o que se traduz em mais segurança, mais proximidade com os especialistas e agilidade para resolução de eventuais problemas e intercorrências médicas.

Nossos pacientes e acompanhantes ficam em uma confortável e segura área de internação dedicada ao programa. Ela conta com sistema de filtragem de ar com pressão positiva, capaz de barrar 99,99% das impurezas e microrganismos. Dessa forma, pacientes e acompanhantes não precisam ficar confinados nos quartos. São comuns os passeios até os janelões da nossa unidade, que dão vistas para a cidade e acesso à iluminação natural, que sempre agrega pontos positivos para o bem-estar.

Todos os pacientes são acompanhados 24 horas pela equipe de Enfermagem, que monitora em tempo real sinais vitais como batimento cardíaco e oxigenação, por meio de dispositivos com conexão Wi-Fi. O atendimento é feito por enfermeiras e enfermeiros especializados no cuidado de pacientes submetidos a transplante de medula óssea.

A segurança medicamentosa, essencial para esses pacientes, que recebem durante a internação um volume considerável de vários tipos de remédios, é fortalecida pela vigilante atuação do serviço de Farmácia, com farmacêuticos clínicos que revisam diariamente todas as prescrições a fim de afastar a possibilidade de interações de medicamentos e promover ajustes seguros das doses.

Somos também uma das poucas instituições do País que realiza radioterapia e exames diagnósticos como coleta de líquor em crianças muito pequenas.

Durante a internação, nossos pacientes contam com o apoio de uma equipe multiprofissional dedicada a minimizar os impactos do tratamento. Nosso grupo de pedagogos, por exemplo, ajuda na continuidade dos estudos, ocupando-se muitas vezes de fazer a intermediação com a escola para que os conteúdos didáticos possam ser repassados durante esse período.

Atividades físicas são estimuladas por nossos fisioterapeutas, que oferecem suporte especializado, inclusive em uma academia instalada dentro da nossa unidade. A programação de atividades para pacientes e acompanhantes é planejada e executada por profissionais habilitados em terapia ocupacional, comprometidos em tornar a estadia mais leve e divertida.

Contamos ainda com uma equipe de odontologia que, entre outras atividades, garante a higiene oral por meio de aplicação de Laser, o que ajuda a prevenir ou diminuir a formação de feridas provocadas pelos quimioterápicos.

Cobertura

Nosso Programa de Transplante de Medula Óssea Pediátrico tem a cobertura de diversos convênios médicos e também pacientes particulares.