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Uso de soro fisiológico em pacientes críticos em UTI tem impacto similar à solução mais cara, diz estudo inédito que teve participação da BP

Publicada no Jama e apresentada no Critical Care Reviews, pesquisa se traduz rapidamente para cuidado a beira-leito de milhões de pacientes em terapia intensiva

Publicado em 11 de agosto de 2021

Pesquisa inédita que contou com a participação da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, publicada nesta terça-feira (10) no Journal of the American Medical Association (Jama) e apresentada no Critical Care Reviews, um dos mais importantes fóruns para apresentação de estudos de terapia intensiva, aponta que o uso de uma solução cristaloide balanceada utilizada para expansão plasmática (Plasma-Lyte®) em substituição cloreto de sódio 0,9% - o popular soro fisiológico - não diminui a mortalidade em 90 dias em pacientes críticos internados em UTI.


O estudo foi conduzido no Brasil como iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), que tem a participação da BP, e foi liderado por especialistas do Hcor. A Brazilian Research in Intensive Care Network (BRICnet) também participou do estudo.

A administração de diferentes tipos de fluidos é fundamental no tratamento da hipovolemia, frequentemente observada nos pacientes graves. A reposição volêmica objetiva melhorar a pressão e fluxo de sangue que chegam nos diversos órgãos.

Mais barato do que outros fluídos, o uso de soro fisiológico demonstrou resultado similar ao do Plasma-Lyte® no que diz respeito à mortalidade em 90 dias dessa população, o que pode facilitar a atuação dos profissionais de saúde – inclusive na rede pública – não só pelo barateamento de custos como pelo acesso ao insumo, já que a solução balanceada não se encontra amplamente disponível, ao contrário do soro fisiológico, que é um recurso facilmente encontrado em instituições de saúde de todo o País.

“Esse estudo responde uma questão muito importante do dia a dia da terapia intensiva, que é o manejo de fluidos, trazendo uma resposta clínica, com importante impacto econômico associado. Além disso, mostramos, mais uma vez, a força da pesquisa brasileira, em um esforço colaborativo de unidades de terapia intensiva de mais de 70 instituições brasileiras”, explica Viviane Cordeiro Veiga, intensivista e cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e responsável pelo estudo na instituição paulistana.

A mesma amostra de participantes também foi avaliada sob a perspectiva de velocidade da intervenção. Isso significa que o estudo também respondeu à dúvida sobre o quão rápido precisam ser aplicadas essas soluções no organismo do paciente. Nesse aspecto, também não foram observados benefícios sobre a mortalidade em 90 dias daqueles gravemente enfermos.


Considerado um dos maiores estudos realizados em UTI nos últimos anos, essa pesquisa englobou mais de 10 mil pacientes, de 75 centros médicos, incluindo a BP. A pesquisa dividiu os participantes aleatoriamente de forma individual – não por instituição – tendo utilizado como critérios de exclusão faixa etária inferior a 18 anos, necessidade de diálise e quadros terminais. Nela, cada paciente poderia receber, independentemente do perfil, a aplicação do Plasma-Lyte® ou do cloreto de sódio 0,9%. As avaliações foram realizadas ao longo de quatro anos.

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