Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Entendendo a doença

O acidente vascular cerebral (AVC), denominado acidente vascular encefálico pelos especialistas, é uma doença que afeta o fornecimento de oxigênio e glicose para determinadas áreas do cérebro, provocando lesões nas células cerebrais.

Atualmente, o AVC é segunda maior causa morte no Brasil, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Segundo dados do Ministério da Saúde, por ano, mais de 100 mil pessoas são vitimadas pela enfermidade, que pode provocar a morte ou deixar sequelas graves quando não é devidamente tratada. A doença pode atingir pessoas de todas as idades, sendo mais comum naquelas com mais idade e mais rara em crianças.

O AVC pode ser de dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico (saiba mais em Tipos), que precisam ser rapidamente diagnosticados e diferenciados, pois cada um deles demanda condutas terapêuticas diferentes. Seja qual for o tipo, quanto mais rápidas e efetivas forem as intervenções, menores os riscos de danos.


Tipos

AVC Isquêmico (AVCI): é o tipo mais comum, representando mais de 80% dos casos. É caracterizado pela falta de circulação sanguínea em determinadas áreas do cérebro, provocada pela obstrução de um ou mais vasos sanguíneos, o que pode levar à morte das células cerebrais. Essa condição, que está associada principalmente à hipertensão arterial e também à existência de placas de gordura (ateromas) ou trombos, é chamada de isquemia. Apesar de ser mais comum em pessoas com mais idade, o AVCI tem ocorrido cada vez mais em indivíduos jovens.

Os AVCIs também podem ser subdivididos em função da calibragem dos vasos afetados (acidentes vasculares de pequenos vasos ou de grandes vasos) e em um tipo especial, responsável por aproximadamente 15% de todos os AVCIs: o acidente vascular cerebral isquêmico cardioembólico. Neste caso, as obstruções estão relacionadas a coágulos originados no coração que migraram até os vasos cerebrais, obstruindo-os.

AVC Hemorrágico (AVCH): conhecido popularmente como derrame e menos frequente que o tipo isquêmico, ele ocorre a partir do rompimento de vasos cerebrais, desencadeando hemorragias. Como no caso anterior, é mais frequente em idosos, mas está impactando cada vez mais adultos jovens.

Existem ainda os acidentes vasculares isquêmicos transitórios (Ataque Isquêmico Transitório – AIT), relacionados ao estreitamento e entupimento temporário dos vasos. Os sintomas são iguais do AVC Isquêmico instalado, mas não perduram mais que 24 horas. Por esse motivo, muitas pessoas acabam não dando importância a esses episódios. Contudo, eles servem de alerta para o risco de ocorrências mais sérias. Cerca de 30% das pessoas que têm AIT posteriormente sofrem AVCs.


Sintomas

Os sintomas variam segundo a forma e a gravidade da doença (leve, moderada e severa) e a área e extensão da região do cérebro afetada. Os sinais mais comuns, que geralmente aparecem de maneira abrupta, são:

AVC Isquêmico (AVCI)

  • Fraqueza muscular, paralisia, dormência ou formigamento em partes do corpo. A boca torta é um dos sinais clássicos.
  • Alterações na visão, como visão dupla ou dificuldade de enxergar.
  • Perda de consciência.
  • Retenção ou incontinência urinária.
  • Problemas com a mastigação ou deglutição.
  • Dificuldade de comunicação oral, com problemas na fala (disfasia) ou de compreensão.
  • Falhas cognitivas, como dificuldade de reconhecer objetos.
  • Tonturas.
  • Alterações da memória.
  • Nos casos mais graves, o paciente pode entrar em coma subitamente ou até morrer.


AVC hemorrágico (AVCH)

Além dos sintomas acima mencionados, o AVCH pode apresentar:

  • Dor de cabeça intensa e repentina.
  • Aumento da pressão intracraniana.

Em caso de suspeita, é fundamental procurar imediatamente um serviço hospitalar especializado. Quanto menor o tempo entre o surgimento dos sintomas e o início do tratamento adequado, menores serão as lesões no cérebro e o risco de as incapacidades se tornarem irreversíveis.


Diagnóstico

O tempo para o diagnóstico do AVC não deve ultrapassar os 45 minutos entre a entrada do paciente no Pronto-Socorro e a confirmação por meio de um exame de imagem. A tomografia computadorizada é o exame padrão, pois permite localizar com agilidade a área do cérebro afetada e identificar o tipo. Diferenciar o AVC Isquêmico do Hemorrágico é fundamental, uma vez que cada um deles exige estratégias terapêuticas específicas. Imagens dos vasos cerebrais obtidas por ressonância magnética (angiorressonância craniana) ou por tomografia (angiotomografia)
ajudam a identificar com precisão o local da obstrução sanguínea no caso do AVC Isquêmico.

Além desses, podem ser solicitados exames de sangue, para verificar a influência de doenças hematológicas ou autoimunes; e ecocardiograma ou Holter, para detecção de problemas associados a distúrbios cardíacos, como a fibrilação atrial, comum nos casos de isquemias cardioembólicas.


Tratamento


AVC Isquêmico (AVCI)

O tratamento na fase aguda do AVCI está baseado em duas frentes terapêuticas principais, que podem ser adotadas de maneira combinada, levando sempre em conta os riscos e benefícios para cada paciente.

  • Tratamento trombolítico medicamentoso: consiste na administração intravenosa de medicamento trombolítico, que promove a dissolução do coágulo e reestabelece o fluxo sanguíneo na área afetada. A medicação deve ser aplicada até 4 horas e 30 minutos após o início dos sintomas.
  • Trombectomia: por meio de um cateter, um stent específico é introduzido nos vasos para aspirar o coágulo e desobstruir o fluxo sanguíneo. Nesse procedimento, o medicamento trombolítico também pode ser aplicado diretamente no trombo.
  • Craniectomia descompressiva: esse procedimento é adotado nos casos em que o ACVI provoca o inchaço do cérebro. Ele envolve a retirada temporária de uma parte do osso do crânio para que o aumento do volume cerebral comprometido não provoque danos na massa cerebral normal.

AVC Hemorrágico (AVCH)

O AVCH pode ser tratado de forma cirúrgica ou clínica. A melhor opção é definida em função do tamanho (volume de sangue), localização da lesão e condição clínica do paciente.

  • Cirurgia: o procedimento tem como objetivo tirar o sangue que se espalhou dentro do cérebro por conta da hemorragia. Em alguns casos, é colocado um cateter para avaliar e medir a pressão craniana. O cérebro costuma inchar após a hemorragia e, em muitos casos, apresenta complicações e presença de hidrocefalia, que pode ser tratada pelo cateter.
  • Tratamento clínico: envolve a administração de medicamentos para controle da pressão arterial e intracraniana e complicações, como crises convulsivas.

Fatores de risco

A hipertensão arterial é a principal causa dos AVCs, tanto isquêmico como hemorrágico. Mas existem outros fatores de risco:

  • Obesidade, principalmente por favorecer a formação de placas de gordura que afetam a circulação nos vasos cerebrais.
  • Diabetes.
  • Colesterol e triglicérides elevados.
  • Doenças associadas ao envelhecimento, como a amiloidose, que produz placas de proteínas do tipo amiloide nas paredes dos vasos sanguíneos. A amiloidose é a principal causa de AVC em pessoas com mais de 80 anos.
  • Arritmia cardíaca (fibrilação atrial), associada particularmente à ocorrência do acidente vascular cerebral isquêmico cardioembólico.
  • Doenças hematológicas, como anemia falciforme, e doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico.
  • Infecções cerebrais.
  • Problemas que afetam a coagulação do sangue, como doenças do fígado.
  • Consumo de álcool, tabaco e outras drogas, como cocaína e crack.
  • Mulheres após a menopausa ficam mais expostas à doença.

Prevenção

Hábitos saudáveis e outras medidas simples podem ajudar a diminuir o risco do AVC. Confira algumas dicas dos especialistas:

  • Manter sob controle a pressão arterial. Além do acompanhamento médico, é recomendável realizar atividades físicas regulares e manter uma alimentação saudável, se possível com orientação de nutricionista. Uma dieta balanceada também ajuda a controlar os níveis de colesterol e triglicérides, combater a obesidade e prevenir outras doenças associadas, como o diabetes.
  • Não fumar, nem consumir outros tipos de drogas. Evitar também a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas.
  • Fazer acompanhamento médico regularmente caso você tenham algum tipo de doença cardíaca. No Brasil, onde ainda é grande a incidência da Doença de Chagas, são comuns os AVCIs associados a essa doença.

Novidades

Nos últimos anos, houve avanços importantes na abordagem dos casos de AVC. Atualmente, se a doença for detectada e tratada rápida e adequadamente ainda na sua fase aguda, um número crescente de pacientes fica livre de sequelas.

As novidades mais recentes estão relacionadas a novos anticoagulantes e novos materiais utilizados pela neurologia intervencionista para desobstrução dos vasos. Já estão disponíveis cateteres e stents mais performantes que possibilitam intervenções em áreas do cérebro até então inacessíveis pela via vascular.


Diferenciais BP

Possuímos uma unidade de AVC, o que nos permite oferecer a melhor assistência aos pacientes desde o atendimento de emergência na fase aguda da doença. Nosso Pronto-Socorro conta com neurologistas clínicos, neurorradiologistas intervencionistas e neurocirurgiões 24 horas por dia, nos sete dias da semana, além de equipe de enfermagem treinada. Temos, ainda, o grupo de neurorradiologistas especializados em diagnóstico, que dispõem dos mais avançados recursos de imagem existentes no mundo.

O trabalho dessa rede multiprofissional é pautado pelo Protocolo Institucional BP AVC, que estabelece as mais efetivas condutas baseadas em evidências científicas. Todos os nossos serviços (admissão, avaliação pelo neurologista, realização de exames de neuroimagem e diagnóstico) são feitos em tempos menores que os recomendados pela literatura médica.

Dispomos ainda de um moderno Centro Cirúrgico Neurológico, com todos os recursos para a realização de neurocirurgias ou procedimentos intervencionistas. Nossa estrutura especializada se estende à UTI Neurológica, uma das poucas unidades do tipo existentes no país, e uma ala de internação dedicada ao paciente neurológico, com equipes especializadas, incluindo profissionais que iniciam precocemente o processo de reabilitação, o que é importante para evitar ou minimizar sequelas.

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