Hematúria

Entendendo a doença

A hematúria é a presença na urina de uma quantidade anormal de hemácias, que são os glóbulos vermelhos do sangue. A hematúria não é uma doença e sim um problema provocado por outras doenças e condições de saúde. Em crianças, na maioria das vezes, as hematúrias têm causas benignas e geralmente não apresentam outros sintomas.


Os motivos mais frequentes de hematúria variam de acordo com a faixa etária: nos recém-nascidos, são as anomalias congênitas do rim e do trato urinário (uropatias obstrutivas, doença renal policística, trombose de veia renal, entre outras); entre 1 e 5 anos, infecções do trato urinário, uropatias obstrutivas, síndrome hemolítico urêmica, traumas, glomerulopatias e excesso de cálcio na urina (hipercalciúria), entre outros; entre 6 e 18 anos, infecções do trato urinário, traumas, hipercalciúria, cálculos renais (urolitíase), glomerulopatias e nefrite intersticial, entre outros.


Entre as causas de hematúria macroscópica (aquelas visíveis a olho nu), a infecção urinária e as vulvovaginites (irritação da vulva, que é a parte externa do órgão genital feminino) são relativamente comuns em crianças.


Tipos

Em função do grau de intensidade, as hematúrias podem ser classificadas em macroscópica e microscópica.

Macroscópica: é visível a olho nu, pela coloração marrom ou avermelhada da urina. Basta 1 mililitro de sangue em 1 litro de urina para alterar sua cor habitual, o que pode sugerir a hematúria macroscópica. No entanto, a alteração da cor da urina pode estar relacionada com outros fatores, os quais precisam ser diferenciados, tais como o uso de determinados medicamentos (rifampicina, fenolftaleína, fenazopiridina, nitrofurantoína, metronidazol, triamtereno, propofol, etc.), a ingestão de alimentos como beterraba, ameixa, cereja e blueberries, entre outros, e distúrbios metabólicos. A hematúria macroscópica é relativamente rara em crianças. Nos Estados Unidos, a incidência estimada é de 1,3 em cada 1.000 consultas ambulatoriais.


Microscópica: é detectada apenas por meio de exames laboratoriais. O parâmetro mais utilizado para caracterizar a hematúria é a presença de mais de 10.000 hemácias por mililitro de urina. O diagnóstico é confirmado quando a hematúria é constatada em dois exames de urina realizados com intervalo de mais de uma semana entre um e outro. A hematúria microscópica afeta de 0,5% a 2,0% das crianças.


Os especialistas adotam, ainda, outros critérios para classificar as hematúrias:

Transitórias ou persistentes/recorrentes, associadas a quadros infecciosos, febre e atividade física excessiva. As hematúrias transitórias respondem por de 50% dos casos e desaparecem quando o exame de urina é realizado depois de 2 a 6 semanas.


Sintomáticas ou assintomáticas, associadas, respectivamente à presença ou não de sintomas.


Isoladas, quando o paciente não tem nenhum outro sintoma além da presença de sangue na urina; ou associadas, quando estão presentes outras manifestações clínicas ou laboratoriais.


De origem glomerular ou não glomerular, ou seja, quando a origem da hematúria está associada ou não aos glomérulos, que são as estruturas capilares dos rins responsáveis pela filtração do sangue e eliminação dos resíduos do nosso metabolismo.


Sintomas

A hematúria é um problema decorrente de outras doenças. Assim, os sintomas variam conforme a doença que está provocando o excesso de glóbulos vermelhos (hemácias) na urina.


Crianças com glomerulopatias, por exemplo, podem apresentar inchaço (edema), pressão alta, proteinúria (perda anormal de proteína caracterizada pela urina espumosa), entre outras manifestações.


Pacientes portadores de vasculite (inflamação dos casos sanguíneos que pode ser causada por diversos fatores, entre eles doenças autoimunes como o lúpus eritematoso) podem apresentar lesões de pele e na face, emagrecimento e febre, entre outras alterações clínicas e laboratoriais.


Pacientes com quadro de cálculo renal (urolitíase) podem ter dor lombar, náuseas, dificuldade ou dor ao urinar (disúria), etc.


Diagnóstico

Além do exame clínico e levantamento do histórico do paciente, o pediatra de sua criança solicitará a realização de exames para analisar a quantidade de hemácias presentes na urina, a morfologia dessas células e a eventual presença de infecção por bactérias. As fitas reagentes urinárias vendidas em farmácias para realização do exame em casa são um dos recursos básicos para a detecção da hematúria, mas esses testes costumam apresentar muitos
resultados falso-positivos ou falso-negativos. Assim, o mais recomendado é a microscopia urinária, realizada em laboratório a partir da coleta de uma amostra de urina. Normalmente, outros exames são solicitados, pois é importante identificar o que está causando a hematúria, entre eles ultrassonografia dos rins e vias urinárias, hemograma, avaliação da função renal, avaliação de distúrbios metabólicos (incluindo investigação de excesso de cálcio na urina) e exames imunológicos. Dependendo do caso, mais exames complementares podem ser indicados.

Como a hematúria microscópica é frequentemente transitória, muitas vezes a investigação básica não chega a um diagnóstico específico. Assim, alguns sinais de alerta são importantes e demandam uma investigação mais detalhada, incluindo exames de imagem, laboratoriais, imunológicos e até a biopsia renal. Entre esses sinais, merecem atenção: perda exagerada de proteína pela urina (proteinúria patológica), edema, hipertensão arterial, alteração da função renal, inchaço, presença de hemácias anormais (dismorfismo eritrocitário), cilindros hemáticos
(aglomerados de glóbulos vermelhos com formado alterado/cilíndrico) e alterações que sugerem doenças sistêmicas.


Tratamento

O tratamento da hematúria é bastante variado, porque o que tem de ser tratado é a doença que está provocando o excesso de glóbulos vermelhos do sangue na urina. Em alguns casos de hematúria transitória, nem é necessário tratamento, pois o problema desaparece sozinho.


Quando a causa são infecções urinárias bacterianas, o médico prescreverá medicamentos à base de antibióticos. Já casos de cálculo renal (urolitíase) podem exigir intervenções cirúrgicas ou por métodos endoscópicos. Nos distúrbios metabólicos, o tratamento será definido em função do quadro de cada paciente. Nas glomerulopatias primárias ou secundárias, o nefrologista pode indicar imunossupressores e diuréticos, entre outros medicamentos.


Em muitas situações, o tratamento é apenas de suporte e acompanhamento clínico.


Fatores de risco

Os fatores de risco estão diretamente relacionados com as doenças e outros problemas de saúde que podem causar a hematúria. Alguns deles são:

  • Infecções urinárias
  • História familiar de problemas renais
  • Uso de determinados medicamentos
  • Doenças sistêmicas que comprometem os rins

Prevenção

Evitar ou tratar as doenças de base é o caminho para prevenir a hematúria. O diagnóstico precoce dessas doenças também contribui para uma melhor resposta terapêutica e um melhor prognóstico.


Novidades

Não há novidades relacionadas ao tratamento da hematúria, já que se trata de um problema causado por outras doenças. Mas em relação a estas, há sempre estudos que buscam avanços em termos de diagnóstico, medicamentos e tratamentos.


Diferenciais BP

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