Boas Práticas em Cardiologia

As doenças cardiovasculares são consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal causa de morte em todo o mundo. Entre as doenças cardíacas mais comuns, destaca-se o infarto agudo do miocárdio (IAM), diminuição ou interrupção da passagem de sangue para o coração, de forma súbita, responsável por ocasionar cerca de 360 mil mortes anuais somente no Brasil.

Com base neste contexto, o projeto Boas Práticas oferece apoio às instituições públicas no desenvolvimento de estratégias e intervenções voltadas à melhoria da qualidade assistencial e segurança do paciente, com ênfase na realização do exame para diagnóstico do IAM e Arritmias Cardíacas em um tempo reduzido, o laudo de eletrocardiograma. Além disso, a iniciativa promove a capacitação de médicos plantonistas, por meio de teleconsultorias e sessões de aprendizagem virtual, para a realização do laudo e apoio à decisão clínica dos profissionais, favorecendo o fluxo de atendimento mais ágil no SUS.

Introdução

O projeto Boas Práticas tem como objetivo qualificar o atendimento nos hospitais e nas urgências cardiovasculares do Sistema Único de Saúde (SUS) e implementar as diretrizes assistenciais e de manejo clínico seguro a pacientes com doenças cardiovasculares em todo o Brasil.

Desde seu início, em 2009, foram mais de 1.900.000 laudos de eletrocardiograma (ECG) realizados pelo projeto que, em 2022, passou a ser conduzido de maneira colaborativa entre o Hcor e a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Atualmente, a iniciativa está presente em 282 Unidade de Pronto Atendimento (UPAs) 24h e 30 hospitais, distribuídos entre as cinco regiões do país, determinadas pelo Ministério da Saúde. Todas as instituições são acompanhadas durante 24h por dia com foco na intervenção dos processos assistenciais de SCA, visando a melhoria contínua da qualidade.

Ainda em 2022, ano que tange o Apoio à Decisão Clínica, foram realizadas 2.126 discussões de caso pela equipe de cardiologistas com NPS de 84% dos profissionais recomendando este serviço mediante aos exames sugestivos à Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST (IAMCSST) e arritmias complexas.Além disso, a iniciativa acumula 4.657 segmentos de desfecho clínico após 48 horas da realização do ECG, apresentando uma média de 71% de adesão à terapia medicamentosa indicada no tratamento do infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST nas unidades monitoradas para implementação de diretrizes assistenciais em cardiologia.

A área técnica do Ministério da Saúde responsável é a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES) do Ministério da Saúde.

Justificativa e relevância do projeto para o SUS

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente 30% dos óbitos em todo o mundo e a sua letalidade é inversamente proporcional à situação socioeconômica da região, sendo um grande desafio à saúde tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Assim o projeto BPC visa assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços em situações de urgência e emergência com resolutividade tendo como alvo a articulação e integração de todas as esferas de saúde expandindo e qualificando o acesso integral e humanizado aos usuários do SUS em condições de urgência e emergência cardiovascular nos serviços de saúde, estando de acordo com a Rede de Atenção às Urgências regulamentada pela Portaria n° 1.600 de julho de 2011 pelo Ministério da Saúde.

Métodos

O projeto Boas Práticas contempla as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) estando de acordo com a Rede de Atenção às Urgências regulamentada pela Portaria n° 1.600 de julho de 2011 do Ministério da Saúde, e visa a melhoria da qualidade assistencial em pacientes em unidades de urgência e emergências e hospitais do SUS.

A iniciativa atua na realização de laudos qualificados de ECG, analisados 24h por dia e em até 10 minutos a partir de seu recebimento, apoio à decisão clínica por meio da segunda opinião médica para os casos sugestivos de Infarto Agudo do Miocárdio e Arritmias, avaliação de desfecho clínico após 48 horas da realização do exame, bem como na qualificação profissional e melhoria dos processos assistenciais por meio das Sessões de Aprendizagem Virtual e Implementação das Diretrizes Assistenciais em Cardiologia.

O pesquisador responsável pela apresentação da pesquisa deve explicar o protocolo em detalhes ao paciente que, após aceitar participar do estudo, será cadastrado no sistema eletrônico de coleta de dados e randomizado para um dos grupos do estudo. O estudo prevê uma randomização em blocos de tamanhos variados estratificada por centro de pesquisa. A lista de randomização será gerada por um software validado e inserida no sistema de captura dos dados. Desta forma, trata-se de um randomização centralizada com alocação sigilosa. Para incluir o paciente no protocolo, o investigador deverá acessar o website (RedCap). Por se tratar de um intervenção de mudança no estilo de vida, tanto pesquisadores quanto pacientes não serão cegados. Entretanto, os estatísticos do estudo serão.

Para garantir que haja uma aplicação adequada das técnicas e tecnologias voltadas à redução de mortes evitáveis e manejo seguro do paciente, a iniciativa atua em três eixos diferentes, estes sendo:

Desenvolvimento Profissional:

Aos profissionais de saúde das instituições beneficiadas é disponibilizado um curso, na modalidade de Educação à Distância (EaD), com possibilidade de expansão para outras unidades de saúde, visando o compartilhamento de boas práticas no manejo de pacientes com doenças cardiovasculares, sempre alinhado à oferta e/ou inclusão, de forma colaborativa. Espera-se que, ao final do treinamento, os profissionais sejam capazes de realizar e interpretar ECG; identificar pacientes com suspeita de Acidente Vascular Cerebral (AVC); atender corretamente pacientes em parada cardiorrespiratórias (PCR), arritmias cardíacas e síndrome Coronariana Aguda (SCA); conhecer e atuar em acordo ao protocolo de dor torácica.

Além disso, a cada dois meses, são realizadas Sessões de Aprendizagem Virtual (SAVs) ao vivo, compostas por quatro módulos e posteriormente disponibilizadas na plataforma do curso, maximizando o alcance das aulas. Também serão produzidos outros conteúdos audiovisuais, como vídeos cursos, podcasts, pílulas de conteúdo, artigos e diagramas visuais para apoiar a qualificação destes profissionais.

Urgências Cardiovasculares (em ambiente pré-hospitalar fixo):

O eixo dá-se por meio do diagnóstico, apoio à decisão clínica e monitoramento das urgências cardiovasculares com uso de ferramentas conectadas e interativas em todas as UPAS. Serão realizadas a instalação de aparelhos para a realização de eletrocardiograma (ECG) nas Unidades, bem como a capacitação da equipe para manuseio da equipe e a prestação do serviço de laudo por médicos do Hcor e BP, responsáveis por apoiar os médicos das UPAs em discussões de casos e na tomada de decisão clínica via teleconsultoria.

A realização do ECG visa apoiar a implementação da linha de atenção em urgências cardiovasculares e direcionar a tomada de decisão clínica frente a pacientes com IAMCSST.

Diretrizes assistenciais em cardiologia (âmbito hospitalar):

Por fim, o terceiro eixo do projeto inclui a implementação, acompanhamento e segmento das diretrizes assistenciais em cardiologia, em 30 Centros de Cuidado (hospital ou UPA de referência), em ciclos de 13 meses de apoio e consultoria, com o intuito de promover a adesão às boas práticas clínico-assistenciais em cardiologia e melhoria da qualidade do atendimento hospitalar aos pacientes.

Para tal, será realizado um diagnóstico inicial por um enfermeiro e um médico nas unidades, além da adaptação dos protocolos para o contexto local, estruturação de um plano de ação e monitoramentos periódicos, que incluem mesa de discussões regulares e avaliações online. Com a adoção dessas medidas, espera-se que a Unidade hospitalar possa aprimorar as linhas de cuidado da dor torácica, bem como aplicar e acompanhar indicadores de atendimento, além de garantir ao paciente sua reinserção correta na sociedade após alta.

Resultados

As 30 instituições participantes (15 UPAs 24h e 15 hospitais) do eixo de implementação das diretrizes assistenciais atuam frente às oportunidades de melhoria identificadas, contando com o apoio do hcor, no desenvolvimento de estratégias de intervenções voltadas a melhoria da qualidade assistencial e segurança do paciente. No que se refere aos resultados obtidos, é possível identificar nas UPAs 24h redução da mediana do Tempo Porta-ECG de 39 min em Jan/22 para 23 minutos em Maio/22 e redução da mediana do Tempo Porta Agulha de 110 min em Jan/22 para 51 min em Maio/22. Quanto aos hospitais, houve redução no Tempo Porta-ECG de 8 min Jan/22 para 6 min em Maio/22. As ações de melhoria abrangem elaboração e adaptação de protocolos institucionais, alteração dos fluxos para identificação, classificação e estratificação da SCA, realização de ECG com laudo qualificado realizado pela equipe de cardiologistas do hcor, visando sempre as melhores práticas em urgências cardiovasculares com foco na SCA. O projeto também realiza as Sessões de Aprendizagem Virtual (SAVs) contemplando temáticas que envolvem o manejo do paciente em urgências cardiovasculares aos profissionais das instituições participantes do projeto sendo aprovados até o momento 107 profissionais de diversas áreas da saúde no período de 2021.