Alergia à Proteína do Leite de Vaca

Entendendo a doença

A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação ao leite ou derivados, como queijos e iogurte, provocada por alterações no funcionamento do sistema imunológico. Com variadas formas de manifestação, o problema é mais comum em crianças e a prevalência vem aumentando nas últimas décadas em todo o mundo.

A APLV não deve ser confundida com a intolerância à lactose (um tipo de açúcar). A primeira está associada a uma reação anormal do sistema imunológico ao consumo de leite e derivados. A segunda, à incapacidade de o organismo digerir a lactose encontrada nesses produtos. 


Tipos

Existem três tipos de APLV:

  • APLV mediada pela imunoglobulina E (IgE): é o tipo mais comum, caracterizado pela rápida instalação da alergia. Pode ocorrer em minutos ou poucas horas depois da ingestão do leite ou derivados. Ela se apresenta por meio de manifestações cutânea, respiratória ou gastrintestinal e, eventualmente, anafilaxia.
  • APLV não mediada pela imunoglobulina E (IgE): se estabelece mais lentamente (em horas ou dias) e acomete principalmente o trato gastrintestinal, as articulações e os pulmões.
  • APLV mista: neste caso, a criança pode ter eventos alérgicos relacionados aos dois tipos de APLV descritos acima, com reações alérgicas imediatas ou tardias. Podem ocorrer problemas respiratórios, dermatológicos e gastrointestinais.


Sintomas

Os principais sintomas da APLV são:

  • Manifestações cutâneas: urticária, dermatite (descamação e ressecamento da pele, com ou sem formação de feridas), coceira, rubor e inchaço nos lábios ou língua.
  • Manifestações respiratórias: tosse, falta de ar, chiado, dificuldade de respirar relacionada ao estreitamento dos brônquios, alterações na voz (disfonia) e queda do nível de oxigênio.
  • Manifestações gastrointestinais: cólicas, dor abdominal, vômitos, refluxo, diarreia, náusea, inchaço (edema) e coceira dentro da boca.
  • Manifestações cardiovasculares: pressão baixa e desmaio.


Diagnóstico

Na consulta, o pediatra avaliará o histórico e as condições clínicas da criança. Nessa ocasião já será possível identificar o provável tipo de alergia, que pode ser confirmado por meio de exames complementares de sangue, testes de alergia e, eventualmente, exames de imagem endoscópicos.


Tratamento

O único tratamento eficaz para a APLV é excluir as proteínas do leite de vaca da dieta das crianças alérgicas. Isso significa eliminar leite e derivados (queijo, iogurte, chocolate, doce de leite e outros alimentos que levem leite de vaca na composição).

Existem produtos que permitem substituir o leite de vaca e garantir que a criança consuma os nutrientes necessários. Para bebês alérgicos com menos de seis meses há fórmulas infantis com proteína de leite de vaca hidrolisada, ou seja, fórmulas que usam enzimas para quebrar (hidrolisar) as proteínas do leite. Existem fórmulas hipoalergênicas que são feitas a partir de aminoácidos, sem o uso de proteínas do leite de vaca. Para bebês acima de seis meses podem ser indicadas, ainda, fórmulas infantis à base de proteína de soja.

O aleitamento materno não deve ser suspenso caso seja constatado que o bebê é alérgico ao leite de vaca, mas a mãe deverá adotar uma dieta que exclua esse produto e os derivados.

Medicamentos como anti-histamínicos, às vezes associados com corticosteroides, ajudam a aliviar sintomas durante as crises. Em eventos mais graves, podem ser prescritas aplicações de adrenalina (epinefrina).

É importante destacar que, geralmente, a APVL não é uma condição permanente. Em cerca de metade dos bebês o problema desaparece até o primeiro ano de vida e aos três anos a maior parte das crianças afetadas já superou a APVL.


Fatores de risco

O principal fator de risco para o desenvolvimento da APLV é a predisposição genética. Filhos de pais com algum tipo de alergia são mais propensos a desenvolver a ALPV, embora a maioria dos casos não tenha relação com histórico familiar.

O desequilíbrio da flora intestinal também pode aumentar o risco de alergias. Sabe-se que os pacientes alérgicos possuem microbiotas (conjunto de micro-organismos que vivem dentro do nosso corpo) diferentes das pessoas não alérgicas, apresentando níveis diminuídos de alguns tipos de bactérias (bifidobactérias).

Além disso, o parto por cesariana está associado ao maior risco de desenvolvimento de alergia ao leite de vaca.


Prevenção

Ainda não existem formas efetivas para impedir que alguém se torne alérgico à proteína do leite de vaca. Porém, algumas medidas ajudam a diminuir o risco:

  • Manter o aleitamento materno exclusivo por seis meses. Gestantes e mães em fase de amamentação não precisam restringir o consumo de alimentos potencialmente alergênicos como leite, ovo, amendoim, castanhas e peixe.
  • A partir do sexto mês de vida do bebê, introduzir a alimentação complementar, preferencialmente mantendo também o aleitamento materno. A introdução precoce (antes do quarto mês) ou tardia (após sétimo mês) pode aumentar o risco para alergias alimentares.
  • Evitar exposição do bebê à fumaça de cigarro (indiretamente, pela exposição da mãe durante a gestação, e diretamente, depois do nascimento).


Novidades

Novas formas de tratamento estão sendo desenvolvidas, como a imunoterapia oral, que consiste na exposição da criança ao contato controlado de quantidades crescentes do leite em pequenos intervalos de tempo. Existem também alternativas como a indução à tolerância ao leite de vaca por meio da ingestão do alimento muito bem fervido e a terapia baseada na administração de anti-IgE, um anticorpo monoclonal (omalizumabe) que bloqueia a reação alérgica mediada pela imunoglobulina E (IgE).


Diferenciais BP

A Pediatria da BP conta com todos os recursos para o rápido diagnóstico da APLV e definição da melhor conduta de cuidados para a criança. Realizamos todos os exames para identificar o tipo de APLV, seja ela mediada ou não pela imunoglobulina E (IgE), e demais testes eventualmente necessários. Contamos também com imunologistas pediátricos e outros profissionais multidisciplinares especializados que atuam de maneira integrada para prestar todo o suporte médico e dietético.

A esses recursos, adicionamos dois elementos que fazem parte do nosso jeito de cuidar dos pacientes e assegurar que eles e seus familiares ou responsáveis tenham uma boa experiência em nossa instituição: acolhimento e humanização.

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